Topo

Balaio do Kotscho

OPINIÃO

Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.

Com Bolsonaro fora da urna, começa a busca por um nome anti-Lula para 2026

O ex-presidente Jair Bolsonaro e o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, participam da formatura de oficiais na Academia da Polícia Militar do Barro Branco, em São Paulo: quem será o herdeiro do espólio bolsonarista?rista? - Tomzé Fonseca/Futura Press/Estadão Conteúdo
O ex-presidente Jair Bolsonaro e o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, participam da formatura de oficiais na Academia da Polícia Militar do Barro Branco, em São Paulo: quem será o herdeiro do espólio bolsonarista?rista? Imagem: Tomzé Fonseca/Futura Press/Estadão Conteúdo

Colunista do UOL

01/07/2023 12h18Atualizada em 01/07/2023 20h14

Receba os novos posts desta coluna no seu e-mail

Email inválido

A exatos três anos e meio da próxima eleição presidencial, e com Bolsonaro fora da urna até 2030, já começou a louca corrida em busca de um novo nome competitivo para enfrentar o PT em 2026.

Desde a primeira eleição direta, em 1989, as duas principais forças políticas que surgiram no país no pós-ditadura foram o petismo e o antipetismo.

O primeiro a desempenhar o papel de anti-Lula, foi Fernando Collor, hoje desaparecido da cena política. Depois, vieram, pela ordem, FHC, Serra, Alckmin, Serra novamente, Aécio, todos tucanos. Por último, do nada apareceu o outsider Jair Bolsonaro, um obscuro ex-capitão do Exército e deputado federal do baixo clero, que ocupou o vazio deixado pelo P SDB.

Nestes 34 anos que nos separam da primeira eleição direta, todas as outras foram disputadas entre um candidato do PSDB e um candidato do PT. Só nas duas últimas, o candidato anti-PT foi Bolsonaro, que agora deixou órfão o bolsonarismo, disputado por vários supostos herdeiros.

Quem deu a largada para encontrar um candidato não radical, de direita, centro-direita ou da terceira via para a próxima eleição, foi o time de colunistas/cometaristas do Grupo Globo, com Merval Pereira à frente.

Como se tivessem combinado, quase todos bancaram os mesmos nomes: os governadores Tarcís cio, Zema e Ratinho Jr. (sim, ele mesmo, o filho do Ratinho) e, correndo por fora, a ex-primeira dama Michelle, e até o sanfoneiro de Bolsonaro, Gilson Machado, lançado por Fabio Wejngarten, o novo Mauro Cid do ex-presidente, em busca de um legítimo representante do povo.

Não se trata de um elenco muito promissor nas urnas, convenhamos. Nenhum deles tem carisma nem qualquer ideia de projeto nacional para defender. Porque não basta ser antipetista e anti-Lula, é preciso ter votos pelo menos para chegar a um segundo turno.

Tarcísio de Freitas, governador de São Paulo, aparece na frente na preferência dos colunistas/comentaristas só pelo cargo que ocupa, pois na sua vida pública nunca apresentou qualquer marca ou obra capaz de distingui-lo dos demais.

Ainda em busca de um bolsonarismo sem Bolsonaro, Tarcísio se equilibra no governo paulista entre os bolsonaristas-raiz, que o levaram esta semana a dar o nome do torturador coronel Erasmo Dias, símbolo da ditadura, a um obra viária, e o camaleão Gilberto Kassab, do PSD, um liberal de outrora, que procura atrair os órfãos tucanos para o Republicanos, partido que no momento abriga o possível presidenciável. È pouca estrutura partidária para o tamanho do desafio.

Zema, por sua vez, é o típico político local, regional, um vereadorzão que não ultrapassa as fronteiras de Minas Gerais, e só virou notícia quando apoiou entusiasticamente Bolsonaro na última eleição, perdida para Lula em seu estado.

De Ratinho Jr., nem sei o que dizer. Conheço bem apenas o pai, com quem trabalhei na CNT em Curitiba, e era muito divertido. Não desconfiava que a Presidência da República estivesse entre seus planos de vida, mas o nome dele está em todas as listas de herdeiros do bolsonarismo.

Do outro lado da raia, se Lula não for candidato à reeleição em 2026, dois nomes se destacam até aqui bem à frente dos demais para a sua sucessão: os dos ministros Fernando Haddad, da Fazenda, e Flávio Dino, da Justiça e Segurança Pública.

Claro que tudo isso é pura especulação rolando solta, provocada pela inegibilidade de Bolsonaro e a morte prematura do PSDB, que fornecia à imprensa e aos eleitores mais conservadores os candidatos contra o PT, com quem monopolizou o cenário político nacional por mais de duas décadas.

Muitos outros nomes ainda surgirão e desaparecerão da pista até as próximas eleições, como aconteceu em 2022. Quem será o Sergio Moro da vez? E o Luciano Huck? E o Ciro Gomes? E o Datena? E o padre Kelmon? Lembram-se deles?

Só dá para ter uma certeza: se a eleição fosse amanhã, ou na semana que vem, Lula seria mais uma vez o favorito. E poderia ganhar por WO, como tanto teme Bolsonaro, sem o nome dele na urna.

Vida que segue.

.