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Bolsonaro escolhe secretária de Guedes para ser presidente da Caixa
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Com o presidente da Caixa, Pedro Guimarães, acusado de assédio por funcionárias do banco, o presidente Jair Bolsonaro (PL) decidiu escolher uma mulher para substitui-lo: Daniella Marques, atual secretária especial de Produtividade e Competitividade e parceira de longa data do ministro da Economia, Paulo Guedes.
A decisão ocorreu em uma reunião na manhã desta quarta-feira (29) no Planalto. A informação foi publicada pelo colunista Lauro Jardim e confirmada pela coluna por três fontes próximas ao presidente.
Daniella está no governo desde o início e é considerada braço direito do ministro da Economia, Paulo Guedes. Ela foi sócia de gestoras de recursos independentes antes de começar a trabalhar com Guedes, em 2012. Juntos, fundaram no ano seguinte a gestora de recursos Bozano Investimentos, que virou Crescera Investimentos em 2018, quando os sócios saíram para integrar o governo Bolsonaro.
Ela começou como assessora especial de Guedes e, com o passar do tempo, ganhou espaço com o presidente Bolsonaro.
A 'solução Daniella' para a crise com Guimarães foi vista por auxiliares como um 'golaço', já que reforçaria o discurso de que ele não compactuaria com as acusações de assédio do presidente da Caixa.
Ainda está sendo definido como se dará a saída de Guimarães, já que, nesta manhã, ele decidiu participar de um evento da Caixa, mesmo com as acusações e a pressão de aliados do presidente que queriam sua saída.
No evento, ao qual compareceu com sua mulher, Manuella Guimarães, afirmou que tem "uma vida pautada pela ética".
A expectativa é que o governo formalize a demissão ainda hoje e faça o anúncio oficial do nome de Marques.
A coluna procurou a secretária para confirmar o convite do presidente, mas ainda não recebeu retorno.
Denúncias incluem toques íntimos; MPF investiga
As denúncias de funcionárias do banco, divulgadas pelo site Metrópoles, incluem toques íntimos não autorizados, abordagens inadequadas e convites incompatíveis com a relação de trabalho. Elas começaram a surgir no fim do ano passado e motivaram a abertura de uma investigação pelo MPF (Ministério Público Federal).
Todas as mulheres que falaram ao Metrópoles, sem que seus nomes fossem divulgados, trabalham ou trabalharam em equipes que atendem diretamente o gabinete da presidência da Caixa.
As cinco entrevistadas disseram que se sentiram abusadas em diferentes ocasiões, e sempre em compromissos de trabalho. Os casos teriam acontecido, muitas vezes, em viagens relacionadas ao programa Caixa Mais Brasil.
Segundo relato, o presidente do banco escolhe, preferencialmente, "mulheres bonitas" para as comitivas nas viagens. De acordo com Ana*, uma das funcionárias que denunciaram o assédio, o comunicado de escolha é como um prêmio.
Outra prática comum, segundo as funcionárias, é que mulheres que despertam a atenção de Guimarães durante as viagens sejam chamadas para atuar em Brasília, muitas vezes promovidas hierarquicamente sem preencher requisitos necessários. A prática deu, inclusive, origem a uma expressão usada para se referir a elas: "disco voador".
Caixa diz não ter conhecimento das denúncias
Em contato com o UOL, o Ministério da Economia disse que não irá se manifestar sobre o caso.
Em nota, a Caixa afirma que "não tem conhecimento das denúncias apresentadas pelo veículo e que adota medidas de eliminação de condutas relacionadas a qualquer tipo de assédio.". Ainda no texto enviado ao UOL, a instituição diz que "o banco possui um sólido sistema de integridade, ancorado na observância dos diversos protocolos de prevenção, ao Código de Ética e ao de Conduta, que vedam a prática de 'qualquer tipo de assédio, mediante conduta verbal ou física de humilhação, coação ou ameaça'".
O UOL também entrou em contato com Pedro Guimarães por e-mail e por telefone para comentar as denúncias. O texto será atualizado em caso de manifestação.
'Conduta abominável
Em nota enviada ao UOL, o Sindicato dos Bancários de São Paulo pediu investigação às denúncias de assédio sexual envolvendo o presidente da Caixa e funcionárias do banco.
"É imprescindível que seja instaurada uma investigação e, se confirmadas as denúncias, que condutas abomináveis como essas não fiquem impunes. A luta contra o assédio sexual e moral faz parte de uma política permanente do sindicato, com reivindicações que intensificam a luta, dentro dos bancos, contra o machismo e racismo institucional e assédio sexual e moral, com normas e condutas rígidas", diz o comunicado.
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