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Carla Araújo

REPORTAGEM

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Bolsonaro decidiu por fala curta, e aliados dizem que ele aceitou a derrota

O presidente Jair Bolsonaro (PL) durante primeiro pronunciamento após a derrota das eleições - Reprodução
O presidente Jair Bolsonaro (PL) durante primeiro pronunciamento após a derrota das eleições Imagem: Reprodução

Do UOL, em Brasília

01/11/2022 17h42

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O aguardado pronunciamento do presidente Jair Bolsonaro (PL), após a derrota nas urnas de domingo, pode até frustrado parte da população que esperava uma fala mais extensa e, também, que o reconhecimento da vitória do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) fosse mais explícito.

Apesar disso, auxiliares de Bolsonaro que o acompanharam ao longo do dia no Palácio da Alvorada afirmam que a fala do presidente, de apenas dois minutos, deixou claro que ele respeitará o resultado das urnas.

O argumento é que Bolsonaro afirmou que continuará "cumprindo todos os mandamentos da nossa Constituição" e que sempre jogou "dentro das quatro linhas".

Segundo um ministro, o objetivo de Bolsonaro ao evitar falar diretamente em Lula é que ele se sente "injustiçado" e não quer exaltar o adversário.

Discurso revisado até o fim

O texto do pronunciamento de Bolsonaro vinha sendo trabalhado desde ontem, em diversas reuniões do presidente com aliados.

Na tarde desta terça-feira (1º), o programado era que a fala do presidente acontecesse às 15 horas, mas Bolsonaro só deixou uma reunião (com praticamente todos os ministros do seu governo) por volta das 16h30.

O presidente chegou sorridente e acompanhado de sua equipe. Se dirigiu aos repórteres e cinegrafistas para se certificar se poderia iniciar a fala. Se virou para o ministro Ciro Nogueira (Casa Civil) e brincou: "vão sentir saudade da gente".

Leu o discurso. Segundo ministros, Bolsonaro fez questão de revisar o texto com diversos auxiliares antes de descer para se pronunciar. A decisão do texto final - bem curto -, segundo esses aliados, foi do próprio.

Preocupação com bloqueios

Em uma reunião de hoje cedo com alguns ministros, segundo fontes, foi relatado a Bolsonaro a preocupação com a situação dos bloqueios de caminhoneiros.

O ministro da Defesa, general Paulo Sergio Nogueira, e o ministro do GSI (Gabinete de Segurança Institucional), Augusto Heleno, tentaram incentivar que o presidente fizesse algum gesto para arrefecer a situação dos protestos.

No discurso, Bolsonaro afirmou que as paralisações de caminhoneiros são "movimentos populares" e "frutos de indignação e sentimento de injustiça de como se deu o processo eleitoral".

O trabalho continua...

Apesar de irritado e chateado com as supostas injustiças que afirma ter sofrido, de acordo com auxiliares, Bolsonaro não apresentará contestação às urnas e por isso autorizou que o ministro da Casa Civil, Ciro Nogueira, inicie o processo de transição.

Isso, segundo um ministro, reforça o respeito à Constituição já que a lei prevê que a responsabilidade do processo é da Casa Civil.

"O presidente Jair Messias Bolsonaro me autorizou, quando for provocado, com base na lei, iniciaremos o processo de transição. A presidente do PT, em nome do presidente Lula, disse que na segunda-feira será formalizado o nome do presidente Geraldo Alckmin. Aguardaremos que isso seja formalizado pra cumprir a lei no nosso país", afirmou Ciro, após o pronunciamento do presidente.