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Exército decide acabar com mensagem de aniversário do golpe militar
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O comandante do Exército, general Tomás Paiva, já decidiu que neste ano não haverá a leitura da Ordem do Dia alusiva ao dia 31 de março, aniversário do golpe militar no Brasil. A decisão de não divulgar uma mensagem pela data, segundo fontes da caserna, se deve a uma interpretação do comandante de que "o normal era não existir".
Escolhido para substituir o general Júlio César Arruda, demitido pelo presidente Lula depois de 20 dias no cargo, o novo comandante tem dito aos seus subordinados que o momento é de "retomada da confiança" e busca de pacificação. A decisão, portanto, seria um aceno ao governo do petista.
"Infelizmente" Lula foi eleito. À cúpula do Exército, o comandante tentou minimizar o áudio vazado e revelado nesta semana pelo podcast Roteirices, em que ele fala que "infelizmente" o presidente Lula foi eleito.
Segundo apurou a coluna, Tomás Paiva reiterou que a ideia principal de sua mensagem era reforçar a aceitação do resultado eleitoral e tentar afastar os militares da política.
O comandante costuma dizer, em conversas reservadas, que não é segredo que a maioria dos militares votou em Bolsonaro, mas reforça que o momento é de pacificação das relações.
Aceno a Moraes. Nos bastidores, o comandante fez chegar ao ministro Alexandre de Moraes, do STF (Supremo Tribunal Federal), que não haveria resistência na cúpula do Exército a respeito das investigações de militares envolvidos nos atos golpistas do dia 8 de janeiro.
Ordem do Dia deixou de ser lida no governo FHC
Após o fim da ditadura (1964-1985), a mensagem continuou a ser lida em quartéis e divulgada à sociedade. Em 1995, durante o governo do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB), a Ordem do Dia deixou de ser lida.
Nos primeiros governos do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (2003 a 2010), nos arquivos do Exército, de acordo com o Centro de Comunicação Social, só foram localizadas Ordens do Dia publicadas em 2004, 2005 e 2006. Nos outros anos, não houve essa divulgação.
Também não houve a leitura da mensagem no período da ex-presidente Dilma Rousseff (PT), que tinha uma relação conturbada com os militares, já que como militante na época da ditadura, ela sofreu com torturas. Mesmo sob o ex-presidente Michel Temer (MDB), que tinha uma boa relação com a caserna, não há registros de leitura da Ordem do Dia.
A mensagem de aniversário do golpe, porém, havia sido retomada pelo ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) já no seu primeiro ano de governo, em 2019.
Na época, o então porta-voz do Bolsonaro, general Otávio do Rêgo Barros, afirmou que o presidente tinha determinado "ao Ministério da Defesa que faça as comemorações devidas com relação ao 31 de março de 1964, incluindo a ordem do dia, patrocinada pelo Ministério da Defesa, que já foi aprovada pelo nosso presidente".
Fontes da caserna tentam justificar a retomada da Ordem do Dia de 31 de março por Bolsonaro. Eles alegam que ela voltou por ordem do então "Chefe Supremo das Forças Armadas", mas admitem que representava o ideário político daquele governo, que sempre exaltou a época da ditadura.
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