Carla Araújo

Carla Araújo

Reportagem

Múcio: 'Para punir militares por 8/1 precisamos saber quem são os culpados'

Escalado pelo presidente Lula (PT) para refazer a ponte de confiança com os militares, o ministro da Defesa, José Múcio, disse que não há nenhum tipo de blindagem para proteger militares que estiveram envolvidos nos atos de 8 de janeiro.

"Para punir, precisamos saber quem são os culpados. Estamos aguardando o desfecho das investigações, a cargo do STF", disse, em conversa com a coluna.

Segundo Múcio, é de interesse das Forças Armadas que os culpados sejam públicos, porém, é preciso que os inquéritos sejam concluídos, sem açodamento. "Não se pode condenar inocentes e nem deixar de punir os culpados, mas tem que ser algo justo", afirmou.

O ministro admitiu que o ano de 2023 não foi fácil por conta dos ataques de 8 de janeiro e pela missão que recebeu de pacificar a relação do governo com os militares, manchada pela proximidade de generais (a maior parte da reserva) com o bolsonarismo.

"A pacificação está sendo feita, mas isso não significa que podemos relaxar", afirmou.

O ministro minimizou críticas que recebe de parcela do PT, partido do presidente Lula, de que ele estaria "representando os militares no governo". Disse que ele atua sob as ordens do presidente Lula, em prol de uma boa relação.

"Eu represento o governo junto aos militares. E trabalhamos para um bom ambiente", disse.

Nenhum general punido

Um ano depois, todos os militares citados pela comissão de parlamentares seguem sem responsabilização. A comissão pediu o indiciamento de 61 pessoas, incluindo o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e seus ex-ministros generais.

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Oito generais do Exército e um almirante da Marinha foram citados na CPI dos Atos Golpistas, no ano passado, com sugestão de indiciamento por crimes de associação criminosa, golpe de Estado, entre outros. Desde então, nenhuma das apurações prosseguiu.

Os processos estão a cargo da Justiça Militar, mas não houve avanço para o alto comando. No baixo escalão, o Exército decidiu punir dois militares do Batalhão da Guarda Presidencial no Palácio do Planalto por omissão: um foi preso por três dias e outro levou apenas uma advertência.

Múcio foi um dos principais aliados que convenceram Lula a baixar o tom e evitar cobranças públicas sobre o indiciamento de militares, já que discursos exaltados só atrapalhariam a já delicada relação com as instituições, recém-saídas do bolsonarismo.

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