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Legado da Copa, cidade inteligente em PE é área deserta 10 anos após arena
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No dia 22 de maio de 2013, a bola rolou pela primeira vez na Arena de Pernambuco. Erguida para receber jogos da Copa do Mundo de 2014, o projeto tinha algo ainda maior e ousado: fazer no entorno uma cidade inteligente, a primeira da América Latina.
Passada uma década, o projeto que previa investimento de R$ 1,6 bilhão não saiu do papel, e a área no entorno da arena está deserta e sem perspectiva de uso.
O que era a Cidade da Copa
O projeto foi anunciado com pompa pelo então governador Eduardo Campos, morto em 2014. Ele prometeu tornar aquela região o novo vetor de desenvolvimento de Pernambuco.
Até hoje só a Arena de Pernambuco foi erguida em uma área total do estado de 247 hectares (o equivalente a 228 campos de futebol). O projeto previa a expansão para a cidade inteligente sem precisar indenizar terrenos.
O empreendimento seria feito por meio de PPP (parceria público -privada) e tinha expectativa de gerar 10 mil empregos. O prazo previsto para a obra seria de 15 anos.
A cidade seria erguida em quatro fases. Ao final teria: 4.640 unidades residenciais, comércio, restaurantes, hospital, centro de convenções, hotéis, escolas e faculdade. O projeto previa ainda obras urbanas, com a construção e alargamento de vias de acesso, além da chegada de uma loja gigante do varejo.
Se tivesse saído do papel, o projeto estaria com duas das quatro etapas finalizadas, de acordo com o cronograma — a terceira tinha o término previsto para 2024.
Após anúncio do projeto, a área passou por intensa especulação imobiliária, e muitas pessoas investiram na região e hoje colecionam prejuízos.
O projeto da Arena também é alvo de questionamento por falhas, especialmente por logística. Não há estação de metrô no estádio e as rodovias de acesso são estreitas para comportar o fluxo de um equipamento que cabe 45 mil pessoas.
O que diz o governo
Há muitas coisas na concepção desse projeto que não fazem mais sentido nos dias de hoje, sendo necessária uma readequação e atualização."
Nota da secretaria de Turismo e Lazer
O atual governo do estado disse que não encontrou orçamento para tocar o projeto da Cidade da Copa e ainda estuda o que fazer com a área.
A gestão passada afirmou à época que o projeto empacou em razão da crise das construtoras e da situação econômica do país, que levou a readequação de gastos
Ricardo Leitão, ex-secretário Extraordinário para a Copa em Pernambuco, não respondeu às tentativas de contato do UOL. A Prefeitura de São Lourenço da Mata, onde foi erguida a arena, também não se manifestou.
Sem uso, a área quase teve um novo dono
Um acordo com o Exército para que a área fosse doada chegou a ser assinado pelo governo do estado em 2022. A ideia era que os militares relocassem os três equipamentos que tem na Grande Recife.
O prazo final para o governo mandar o termo de cessão à Assembleia era fevereiro, o que não aconteceu. O governo informou que ainda analisa o caso.
O Comando Militar do Nordeste informou ao UOL que não comentará o caso. Afirmou ainda que a resposta sobre a doação teria que ser dada pelo estado.
Outra ideia que não se concretizou é que a área fosse destinada para o programa Minha Casa, Minha Vida.
Prejuízo
A construção do estádio custou R$ 479 milhões. Sem conseguir parceiros da iniciativa privada, a arena tem déficit e deu um prejuízo de R$ 5,6 milhões em 2022.
A previsão do governo é reduzir o prejuízo em R$ 1,8 milhão neste ano, de acordo com a Secretaria de Turismo e Lazer de Pernambuco informou à coluna que a arena vai reduzir
O estado anunciou o local se tornará um Centro de Formação Esportiva, que deve beneficiar 300 crianças e adolescentes, que vão praticar modalidades coletivas e individuais.
O estado tem se esforçado para que a arena não seja apenas um palco de espetáculos de futebol e grandes eventos, mas também um espaço com ocupação, com uso para esportes de rendimento para a nossa juventude, nossos estudantes"
Daniel Coelho, secretário de Turismo e Lazer
Por que o prejuízo
Inicialmente, a gestão da Arena era feita por uma PPP do estado com a Odebrecht, que fechou acordo para que o Náutico jogasse lá.
Em 2016, na mira da Lava Jato, a construtora teve contrato rescindido, ganhando direito a receber uma indenização de R$ 246,8 milhões pelos investimentos feitos.
Hoje, nenhum dos três grandes times da capital manda seus jogos na arena — apenas o novato Retrô pelo Brasileirão da Série D.
Com um time jovem e sem torcida, as rendas das partidas nem sequer cobre os custos de abertura de portões. No jogo do domingo passado foram 775 presentes e apenas R$ 470 de renda.
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