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Carlos Madeiro

REPORTAGEM

Texto que relata acontecimentos, baseado em fatos e dados observados ou verificados diretamente pelo jornalista ou obtidos pelo acesso a fontes jornalísticas reconhecidas e confiáveis.

Área desmatada durante governo Bolsonaro equivale a 144% do estado do Rio

Vista aérea mostra área de desmatamento na fronteira entre a Amazônia e o Cerrado, em Nova Xavantina (MT) - Amanda Perobelli/File Photo/Reuters
Vista aérea mostra área de desmatamento na fronteira entre a Amazônia e o Cerrado, em Nova Xavantina (MT) Imagem: Amanda Perobelli/File Photo/Reuters

Colunista do UOL

12/06/2023 00h01

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Dados consolidados apontam que o Brasil contabilizou 6,6 milhões de hectares desmatados ao longo de todo o governo Bolsonaro, entre 2019 e o ano passado, o equivalente a uma área de 1,4 vez o tamanho do estado do Rio de Janeiro.

O relatório com os dados de 2022 foi divulgado nesta madrugada pelo MapBiomas, plataforma que reúne ONGs, empresas e universidades e monitora o desmatamento no Brasil.

O que diz o relatório

O desmatamento cresceu em cinco dos seis biomas brasileiros em 2022, na comparação com 2021, com exceção apenas da Mata Atlântica. Amazônia, Cerrado, Pantanal, Pampa e Caatinga tiveram altas.

Os maiores aumentos ocorreram nos biomas Amazônia e Cerrado, que juntos responderam por 90% da área desmatada no país em 2022.

Dos 5.5570 municípios brasileiros, 62% tiveram alertas de desmatamento no ano passado, mas apenas 50 deles responderam por 52% da mata total destruída no Brasil.

O município de Lábrea, no Amazonas, com 62.419 hectares desmatados, superou a área desmatada do município de Altamira no Pará, campeão de área desmatada nos últimos três relatórios."
MapBiomas

Vista aérea de área desmatada da Amazônia em Lábrea (AM) - MAURO PIMENTEL / AFP - MAURO PIMENTEL / AFP
Vista aérea de área desmatada da Amazônia em Lábrea (AM)
Imagem: MAURO PIMENTEL / AFP

Pará é líder

Assim como em anos passados, o estado do Pará liderou o ranking de 2022, com 22,2% da área desmatada do país, seguido pelo Amazonas, com 13,3%.

É no sul do Pará que se concentra o maior desmatamento causado pelo garimpo. Entretanto, apesar dos grandes danos, esse tipo de mineração respondeu por apenas 0,3% do total de supressão de vegetação nativa em 2022 no país.

Segundo o relatório, a agropecuária lidera e respondeu por 95,7% do total desmatado no Brasil em 2022, consolidando-se como setor que mais destrói o meio ambiente.

Incêndio florestal em área desmatada em floresta pública não designada em Altamira (PA) - Christian Braga/Greenpeace - Christian Braga/Greenpeace
Incêndio florestal em área desmatada em floresta pública não designada em Altamira (PA)
Imagem: Christian Braga/Greenpeace

Indígenas são protetores

Um dado que reforça a necessidade de proteção das terras indígenas (TIs) é que, na contramão do resto do país, o desmatamento caiu dentro delas ao longo dos anos.

Em 2022, as TIs responderam por apenas 1,5% do total de área desmatada do país; em 2019, esse percentual era de 3,3% do total.

Por outro lado, 8,9% da área desmatada em 2022 aconteceu dentro de alguma Unidade de Conservação no Brasil, o que é proibido.

Rio na região do Surucucu, na Terra Indígena Yanomami (RR)  - Fernando Frazão/Agência Brasil - Fernando Frazão/Agência Brasil
Rio na região do Surucucu, na Terra Indígena Yanomami (RR)
Imagem: Fernando Frazão/Agência Brasil

É preciso mais fiscalização

O relatório também chama a atenção para a necessidade de maior fiscalização: em 2022, mais de 99% da área desmatada no Brasil tiveram pelo menos um indício de irregularidade.

Pelas leis brasileiras, é obrigatório ter autorização para desmatamento legal no Brasil.

O documento aponta ainda que as ações de autuação e embargo realizadas pelo Ibama e ICMBio até maio de 2023 atingiram apenas 10,2% da área desmatada identificada entre 2019 a 2022.

Ao cruzar os dados de desmatamento autorizados, que respeitam a Reserva Legal, Áreas de Proteção Permanente, nascentes e sem sobreposições com áreas protegidas, observa-se que apenas 0,7% da área atende aos critérios estabelecidos pelos especialistas para indícios de legalidade."
MapBiomas