Polícia emite alerta para achar bebê de mulher morta após fake news no Acre
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A Polícia Civil do Acre procura a filha da mulher morta por uma facção em Rio Branco, após uma fake news de que a mãe a teria matado. A história dizia que a ossada da bebê teria sido encontrada quando, na verdade, eram de um cachorro. A polícia investiga os autores do crime.
A criança, chamada Cristina Maria, de cerca de três meses, foi registrada como desaparecida na plataforma Amber Alert, do Ministério da Justiça e Segurança Pública. Hoje a bebê era o destaque da página do sistema.
Quando ativado por uma autoridade, o sistema emite um comunicado especial, que é encaminhado às plataformas da Meta (Facebook, Instagram e Threads) para publicação da imagem em um raio de até 160 km do local do desaparecimento. O alerta fica disponível por 24 horas nas redes sociais, mas segue em divulgação.
O Amber Alert, porém, só é usado de maneira excepcional e em situações em que a criança ou adolescente esteja em risco de morte, ou lesão corporal de natureza grave. Apenas a polícia pode pedir a inclusão de um menor desaparecido.
Quem tiver informações sobre o paradeiro da menina Cristina, pode falar pelo WhatsApp (68) 99912-2964 ou ligar para o 181. O sigilo da fonte é garantido.
Sobre a bebê
Cristina Maria foi vista pela última vez no dia 15 de março, no conjunto habitacional onde Yara morava, na Cidade do Povo, em Rio Branco. A versão que ela deu a vizinhos - e repassada à polícia -, é de que a bebê teria sido raptada pelo pai cerca de 10 dias antes da morte dela.
Ouvido pela Deic (Divisão Especializada em Investigação Criminal), o pai da criança disse que, na verdade, foi a mãe quem teria sumido com a bebê, e que ele estaria preocupado e também buscando informações. O genitor ainda alegou que Yara era a responsável pela guarda.
Um fator que dificulta as investigações é que a criança não possui registro de nascimento ou qualquer documentação oficial, o que impossibilita a consulta a bases de dados oficiais e dificulta a identificação de vínculos legais. Em nota, a polícia diz que a ausência desses documentos "compromete o rastreamento e aumenta os desafios para a localização da bebê."
Morte da mãe

Yara Paulino da Silva, 27, foi assassinada na tarde de segunda-feira após ser espancada por um grupo de pessoas no conjunto habitacional Cidade do Povo, acusada de ter matado e enterrado o corpo da filha.
A "prova" do assassinato seria uma ossada achada próxima à casa dela. Entretanto, a informação era uma fake news: após uma perícia técnico-científica da polícia e do IML (Instituto Médico Legal), descobriu-se que os ossos, na verdade, eram de um cachorro.
Inicialmente, a informação que circulou é que o linchamento dela teria sido praticado por populares revoltados com o suposto assassinato e ocultação do corpo do bebê. Mas a polícia descobriu que o assassinato foi praticado por membros de uma facção criminosa, a Bonde dos 13, que fizeram um "tribunal do crime" para julgá-la e decidiram matá-la. Esse grupo detém o controle da comunidade onde ela vivia.
"Testemunhas apontaram que, logo no primeiro momento, [os faccionados] começaram a fazer as inquirições ainda na casa da vítima. Ela então foge da casa, mas é apanhada em seguida e, ali no meio da rua, o crime é praticado", explicou o delegado Leonardo Ribeiro, do DHPP (Delegacia de Homicídios e Proteção à Pessoa), em entrevista coletiva nesta terça. "A gente já tem alguns suspeitos", completou.
Para o delegado, a fake news rapidamente disseminada é apontada como a motivação do crime.
Por isso a gente precisa ter cautela [ao publicar algo] porque às vezes a divulgação de forma açodada faz ocorrer algo, como aconteceu ontem. Só o fato de terem achado [que Yara teria matado o bebê] causou a morte da vítima.
Delegado Leonardo Ribeiro
Além da bebê que está desaparecida, Yara deixou outros dois filhos, de 2 e 10 anos, que foram levados para casa de uma irmã da vítima.
1 comentário
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Edvanio Ramos Rodrigues
Depois dizem que o uso de redes sociais não precisa de regulamentação, claro que de forma justa e correta.