Carlos Madeiro

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Polícia emite alerta para achar bebê de mulher morta após fake news no Acre

A Polícia Civil do Acre procura a filha da mulher morta por uma facção em Rio Branco, após uma fake news de que a mãe a teria matado. A história dizia que a ossada da bebê teria sido encontrada quando, na verdade, eram de um cachorro. A polícia investiga os autores do crime.

A criança, chamada Cristina Maria, de cerca de três meses, foi registrada como desaparecida na plataforma Amber Alert, do Ministério da Justiça e Segurança Pública. Hoje a bebê era o destaque da página do sistema.

Quando ativado por uma autoridade, o sistema emite um comunicado especial, que é encaminhado às plataformas da Meta (Facebook, Instagram e Threads) para publicação da imagem em um raio de até 160 km do local do desaparecimento. O alerta fica disponível por 24 horas nas redes sociais, mas segue em divulgação.

O Amber Alert, porém, só é usado de maneira excepcional e em situações em que a criança ou adolescente esteja em risco de morte, ou lesão corporal de natureza grave. Apenas a polícia pode pedir a inclusão de um menor desaparecido.

Quem tiver informações sobre o paradeiro da menina Cristina, pode falar pelo WhatsApp (68) 99912-2964 ou ligar para o 181. O sigilo da fonte é garantido.

Sobre a bebê

Cristina Maria foi vista pela última vez no dia 15 de março, no conjunto habitacional onde Yara morava, na Cidade do Povo, em Rio Branco. A versão que ela deu a vizinhos - e repassada à polícia -, é de que a bebê teria sido raptada pelo pai cerca de 10 dias antes da morte dela.

Ouvido pela Deic (Divisão Especializada em Investigação Criminal), o pai da criança disse que, na verdade, foi a mãe quem teria sumido com a bebê, e que ele estaria preocupado e também buscando informações. O genitor ainda alegou que Yara era a responsável pela guarda.

Um fator que dificulta as investigações é que a criança não possui registro de nascimento ou qualquer documentação oficial, o que impossibilita a consulta a bases de dados oficiais e dificulta a identificação de vínculos legais. Em nota, a polícia diz que a ausência desses documentos "compromete o rastreamento e aumenta os desafios para a localização da bebê."

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Morte da mãe

Yara Paulino da Silva, 27, morta por facção na Cidade do Povo, em Rio Branco (AC)
Yara Paulino da Silva, 27, morta por facção na Cidade do Povo, em Rio Branco (AC) Imagem: Reprodução

Yara Paulino da Silva, 27, foi assassinada na tarde de segunda-feira após ser espancada por um grupo de pessoas no conjunto habitacional Cidade do Povo, acusada de ter matado e enterrado o corpo da filha.

A "prova" do assassinato seria uma ossada achada próxima à casa dela. Entretanto, a informação era uma fake news: após uma perícia técnico-científica da polícia e do IML (Instituto Médico Legal), descobriu-se que os ossos, na verdade, eram de um cachorro.

Inicialmente, a informação que circulou é que o linchamento dela teria sido praticado por populares revoltados com o suposto assassinato e ocultação do corpo do bebê. Mas a polícia descobriu que o assassinato foi praticado por membros de uma facção criminosa, a Bonde dos 13, que fizeram um "tribunal do crime" para julgá-la e decidiram matá-la. Esse grupo detém o controle da comunidade onde ela vivia.

"Testemunhas apontaram que, logo no primeiro momento, [os faccionados] começaram a fazer as inquirições ainda na casa da vítima. Ela então foge da casa, mas é apanhada em seguida e, ali no meio da rua, o crime é praticado", explicou o delegado Leonardo Ribeiro, do DHPP (Delegacia de Homicídios e Proteção à Pessoa), em entrevista coletiva nesta terça. "A gente já tem alguns suspeitos", completou.

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Para o delegado, a fake news rapidamente disseminada é apontada como a motivação do crime.

Por isso a gente precisa ter cautela [ao publicar algo] porque às vezes a divulgação de forma açodada faz ocorrer algo, como aconteceu ontem. Só o fato de terem achado [que Yara teria matado o bebê] causou a morte da vítima.
Delegado Leonardo Ribeiro

Além da bebê que está desaparecida, Yara deixou outros dois filhos, de 2 e 10 anos, que foram levados para casa de uma irmã da vítima.

Reportagem

Texto que relata acontecimentos, baseado em fatos e dados observados ou verificados diretamente pelo jornalista ou obtidos pelo acesso a fontes jornalísticas reconhecidas e confiáveis.

1 comentário

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Edvanio Ramos Rodrigues

Depois dizem que o uso de redes sociais não precisa de regulamentação, claro que de forma justa e correta. 

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