Renegado por João Paulo 2º, papódromo erguido por Collor definha em Maceió
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Erguido em 1991 por cerca de R$ 57 milhões (em valores atualizados), o papódromo de Maceió sofre os efeitos da falta de manutenção, que já o fez perder parte da estrutura metálica. O local foi idealizado para receber o papa João Paulo 2º na visita de 19 de outubro de 1991, única vez que um pontífice esteve em Alagoas.
A obra foi feita por ordem do então presidente Fernando Collor, que escolheu o local: ao lado do conjunto habitacional Virgem dos Pobres, uma das marcas da sua gestão no governo do estado (1987 a 1989).
Desde 2015, o local está sob administração da Arquidiocese de Maceió, passou a se chamar Santuário da Divina Misericórdia e recebe alguns eventos. Apesar do uso da área pela Igreja, a estrutura erguida há 34 anos seguiu deixada de lado e hoje acumula marcas do tempo (veja mais fotos abaixo).
Sem manutenção, a estrutura metálica que cobria o palco —e era a marca visual do projeto— precisou ser retirada. "Partes dela começaram a cair, e para evitar cair isso em cima de alguma criança ou adulto, removemos. Mas temos a intenção de colocar uma outra", diz o padre Márcio Roberto, que responde pelo local na arquidiocese.

O UOL esteve no papódromo na manhã desta quarta-feira e viu como ele está com estrutura definhando. Ao lado do palco, dezenas de sacos e objetos de lixo descartados no local reforçam o cenário de abandono. O cenário é parecido com o visto —e também contado aqui no UOL— em 2013.
No local estavam apenas homens que montavam a estrutura provisória para realização da festa da misericórdia, evento da arquidiocese marcado para o próximo domingo.
Segundo o padre Márcio Roberto, como a área escolhida para erguer o papódromo fica entre o mar e a lagoa Mundaú, a maresia acelerou o processo de corrosão. "Ultimamente ele está feio, mas buscamos sempre revitalizar", diz.
"Esse monumento foi criado às pressas, pois Maceió não estava na rota da passagem do papa no Brasil; mas como o presidente era Fernando Collor, ocorreu de acrescentarem uma passagem rápida por Alagoas. Na época, a estrutura foi causa de polêmica devido o alto valor", lembra.

O padre cita uma curiosidade quase que desconhecida do grande público: "João Paulo 2º, quando soube do valor absurdo, não quis subir no monumento. Para evitar a polêmica, foi pedido para que se fizesse uma estrutura lateral, que foi onde ele ficou. Ele não quis ficar propriamente no monumento", diz.
Comissão para revitalização
Para cuidar do local, a arquidiocese criou uma comissão formada por quatro padres que tenta há três anos revitalizar o monumento. Nesse período, houve reuniões com governo do estado e Prefeitura de Maceió, mas sem sucesso para emplacar a ideia de projeto para o local.
A arquidiocese tem um projeto de revitalização do espaço, que vai além de redesenhar o local, mas dentro de uma manutenção mais econômica e ecológica. A gente pretende criar dois complexos de ações pastorais da igreja para atender os braços da caridade e cultural da Igreja.
Padre Márcio

Ele explica que a ideia seria ter um galpão onde as pastorais sociais pudessem agir e interagir com os moradores de baixa renda. No local, diz, pode ser feito um ambiente para os artesãos locais venderem seus produtos.
"Na nossa mente existe a ideia da criação de um restaurante popular, de creche e salas para promoção de cursos gratuitos em parceria com empresas privadas e públicas. O braço cultural seria com salas de ensaio de folclore locais. Tudo isso é a ideia, estamos aguardando os retornos das negociações", explica.
O padre afirma que ainda não há um valor definido para essa requalificação do local. "Entregamos a um arquiteto para ele fazer o projeto e sentar com o engenheiro. Assim vamos ter uma ideia de quanto seria gasto".
É de interesse da arquidiocese não deixar aquele espaço histórico e sagrado ficar abandonado. Temos a preocupação de que um investimento neste espaço seja interpretado como um favorecimento à fé católica, mas não podemos esquecer que neste estado e nesta cidade pisou um chefe de Estado, o do Vaticano, que foi considerado umas das grandes personalidades do milênio.
Padre Márcio

A coluna procurou o governo do estado, que afirmou que, por não ter responsabilidade sobre a área, não tem projetos específicos para o local.
A Prefeitura de Maceió também foi procurada para falar sobre eventuais projetos e sobre o recolhimento do lixo no local, mas não se pronunciou.
Veja mais fotos do local atualmente:





7 comentários
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Mauricio Nunes da Silva
Quanto dinheiro público jogado fora e roubado Infelizmente Brasil é o país da corrupção.
Samuel Vieira Pinho
Uma pena que vai ficar só um ano e quatro meses (ou nem isso) preso... Esse merecia prisão perpetua...
Luiz Rufino Marciano
caramba tenho um amigo que se chama João e ele é um pedreiro do bons, faria isso por 25.000,00 e ficaria dá hora