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Vaga no Supremo vira motivo de briga na família Bolsonaro
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Não é só o meio jurídico que está em polvorosa com a vaga que será aberta no STF (Supremo Tribunal Federal) em julho, quando Marco Aurélio Mello se aposentar. Dentro da família do presidente Jair Bolsonaro, há uma disputa para saber quem vai influenciá-lo na escolha para o novo ministro da Corte.
A mulher, Michele, tem verdadeira adoração pelo advogado-geral da União, André Mendonça, por quem tem feito campanha. O senador Flávio Bolsonaro (Republicanos-RJ), o filho 01, por sua vez, tenta convencer o pai a nomear para na vaga o presidente do STJ (Superior Tribunal de Justiça), Humberto Martins.
Bolsonaro revelou a dois ministros do STF que ainda não bateu o martelo, mas está entre os dois candidatos. E disse que um aspecto já está definido: a vaga será necessariamente preenchida por um evangélico, ainda que ele descarte os dois preferidos do momento mais adiante.
A decisão de usar o critério religioso para a escolha é influência direta de Michele, que tem batido nessa tecla com frequência. Em julho de 2019, Bolsonaro já tinha dito que queria colocar no Supremo um ministro "terrivelmente evangélico". Na época, era um discurso para afagar um nicho importante de apoiadores. Passados dois anos, a promessa está mais próxima de virar realidade.
Mendonça e Martins são evangélicos. O advogado-geral é pastor e costuma fazer orações com o presidente e a primeira dama. Mendonça é gentil e atencioso no trato pessoal. Não entra em embates e não levanta o tom de voz. Foi como conquistou a afeição de Michele.
Outra prova de fogo pela qual Mendonça passou foi o julgamento do STF sobre o funcionamento de igrejas durante a pandemia, no mês passado. Embora tenha perdido a causa, fez discurso fervoroso no plenário em defesa das atividades religiosas. Bolsonaro já sabia que tinha poucas chances de vitória, mas gostou do empenho do ministro.
Martins também tem se esforçado para chamar a atenção para o lado religioso. Em eventos recentes do Judiciário, citou a misericórdia divina e a Bíblia. No mês passado, autorizou a retomada das obras do museu da Bíblia em Brasília, um projeto custeado com recursos públicos.
Embora Martins e Mendonça estejam na frente na disputa pela cadeira do STF, Bolsonaro pode mudar de ideia e escolher outra pessoa até julho. Na vaga aberta na Corte no ano passado para a Corte, com a aposentadoria de Celso de Mello, Mendonça era visto como favorito. De supetão, o então desembargador Kassio Nunes Marques ganhou a confiança de Bolsonaro e o presidente mudou de ideia.
Nunes Marques conheceu Bolsonaro em 2018. Visitou o então candidato depois do atentado sofrido na campanha presidencial. Desde então, não perdeu o contato. Conversavam esporadicamente. O desembargador estava cotado para uma vaga no STJ, recomendado por vários interlocutores de Bolsonaro - inclusive o procurador-geral da República, Augusto Aras.
Mas o presidente mudou de ideia e resolveu alçar Nunes Marques ao Supremo. Uma tarde, o desembargador presidia a sessão do TRF-1 (Tribunal Regional Federal da 1a Região) e o telefone tocou. Era o presidente chamando para uma reunião no Palácio do Planalto. O desembargador ficou surpreso ao ouvir de Bolsonaro que iria para o Supremo.
Em março, quando André Mendonça foi retirado do Ministério da Justiça e mandado de volta para a AGU (Advocacia-Geral da União), Bolsonaro não garantiu nomeação para o Supremo. Mas lembrou, em uma conversa do tipo olho no olho, que a vaga seria aberta. A Martins, Bolsonaro não prometeu nada.
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