Texto baseado no relato de acontecimentos, mas contextualizado a partir do conhecimento do jornalista sobre o tema; pode incluir interpretações do jornalista sobre os fatos.
Para driblar armadilhas de Bolsonaro, Supremo se cala sobre parada militar
Receba os novos posts desta coluna no seu e-mail
A imagem foi simbólica: virado para a sede do STF (Supremo Tribunal Federal), o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) assistiu, do outro lado da Praça dos Três Poderes, ao desfile militar desta terça-feira (10). A resposta à provocação foi o silêncio. Nenhum dos dez ministros da Corte se manifestou publicamente sobre o evento, mesmo tendo considerado um acinte a presença de tanques no coração da República em um momento de crise institucional.
Nos bastidores do STF, a análise é de que Bolsonaro está provocando os ministros a todo momento para aumentar ainda mais da crise entre o Palácio do Planalto e a Corte. O presidente vem conseguindo fazer isso. No último mês, caprichou nos xingamentos e ataques ao Judiciário, personalizado na figura do presidente do TSE (Tribunal Superior Eleitoral), Luís Roberto Barroso.
De início, as respostas eram notas de repúdio. Em um segundo momento, o TSE e o STF aperfeiçoaram o contra-ataque e abriram inquéritos contra Bolsonaro. O presidente do Supremo, Luiz Fux, que estava calado no início esperando a crise passar, partiu para o ataque e cancelou o encontro que ocorreria na semana passada entre os chefes dos Três Poderes. Se convenceu de que o momento não é para diálogo.
A onda crescente de provocações de Bolsonaro resultou nas respostas enérgicas do Judiciário, mas também acendeu um alerta. Ministros sabem que o presidente tem tentado forçar uma crise ainda maior. Isso poderia acontecer, por exemplo, se o STF desse uma ordem ao presidente e ele resolvesse não cumprir.
Na segunda-feira (9), o ministro Dias Toffoli se viu diante de um pedido para barrar o desfile militar. Preferiu sair pela tangente com um argumento técnico. Disse que o pedido deveria ter sido feito ao STJ (Superior Tribunal de Justiça) e, portanto, não poderia julgar.
Essa atitude mostra prudência. Se, por acaso, o ministro tivesse determinado a suspensão do evento e Bolsonaro descumprisse a ordem, o STF se veria na obrigação de tomar uma atitude mais enérgica. Seria como acender um fósforo em um tanque de gasolina.
Nos últimos dias, a cúpula do Judiciário percebeu que precisa reagir aos ataques de Bolsonaro. Mas também notou que é preciso atuar com cautela. Os ministros sabem que o adversário tem potencial para desestabilizar as instituições - e não faz questão de evitar o confronto direto. O STF tem tentado se equilibrar entre o silêncio e o contra-ataque.
ID: {{comments.info.id}}
URL: {{comments.info.url}}
Ocorreu um erro ao carregar os comentários.
Por favor, tente novamente mais tarde.
{{comments.total}} Comentário
{{comments.total}} Comentários
Seja o primeiro a comentar
Essa discussão está encerrada
Não é possivel enviar novos comentários.
Essa área é exclusiva para você, assinante, ler e comentar.
Só assinantes do UOL podem comentar
Ainda não é assinante? Assine já.
Se você já é assinante do UOL, faça seu login.
O autor da mensagem, e não o UOL, é o responsável pelo comentário. Reserve um tempo para ler as Regras de Uso para comentários.