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Carolina Brígido

REPORTAGEM

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Com chance de vitória de Lula, aliados antecipam corrida por 2 vagas no STF

Ministros do STF Ricardo Lewandowski e Rosa Weber, que se aposentam em 2023 - Fellipe Sampaio/SCO/STF
Ministros do STF Ricardo Lewandowski e Rosa Weber, que se aposentam em 2023 Imagem: Fellipe Sampaio/SCO/STF

Colunista do UOL

21/09/2022 04h00Atualizada em 22/09/2022 10h05

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A chance de vitória de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) nas eleições de outubro aqueceu a corrida por duas vagas no STF (Supremo Tribunal Federal). Aliados do ex-presidente começaram a cogitar nomes para as cadeiras que serão deixadas por Ricardo Lewandowski e Rosa Weber, que completam 75 anos em 2023 e, com isso, serão obrigados a se aposentar.

Para a vaga de Lewandowski, o entorno de Lula cogita um advogado que transite bem nos tribunais de Brasília, para garantir um bom interlocutor ligado ao presidente. Entre os mais cotados está Cristiano Zanin Martins, que foi advogado do petista na Lava Jato e também nos processos do TSE (Tribunal Superior Eleitoral).

Outro com chance na disputa é o criminalista Pierpaolo Bottini, professor da USP (Universidade de São Paulo) que também se notabilizou por defender acusados na Lava Jato e tem bom relacionamento com ministros de tribunais superiores.

A aposentadoria de Lewandowski está prevista para maio, mas o ministro poderia antecipar a saída do tribunal. Aliados de Lula defendem que ele assuma o Ministério da Justiça logo no início de um eventual governo do PT. O ministro não comenta as especulações.

A saída de Rosa Weber está prevista para outubro. Interlocutores de Lula acreditam que a vaga permanecerá com uma mulher. A mais forte na disputa de bastidores é a ministra Maria Elizabeth Rocha, do STM (Superior Tribunal Militar). Seria uma forma de Lula acenar para mulheres, minorias e militares de uma só vez.

Aliados de Lula defendem que, num eventual terceiro mandato, o ex-presidente corrija a forma como ministros do STF foram escolhidos nos governos do PT. Apesar de ter a maioria numérica, o PT se ressente de não ter a maioria ideológica do tribunal.

Dos onze atuais integrantes do STF, três foram escolhidos por Lula e quatro, por Dilma Rousseff. A bancada "lulista" é composta por Lewandowski, Dias Toffoli e Cármen Lúcia. A de Dilma tem Luiz Fux, Rosa Weber, Luís Roberto Barroso e Edson Fachin.

Alguns escolhidos pelo partido se viraram contra Lula e Dilma em votações importantes. Joaquim Barbosa é o maior exemplo. Escolhido por Lula para uma cadeira na Corte, o ministro, hoje aposentado, foi relator do processo do mensalão e conduziu a condenação de nomes ligados ao ex-presidente, como o ex-ministro da Casa Civil José Dirceu.

Outro requisito considerado importante para aliados de Lula é escolher ministros jovens, que tenham a chance de passar muitos anos no STF até alcançarem a data de aposentadoria. Zanin tem 46 anos, Bottini, 45, e Maria Elizabeth, 62.

Em nota, a assessoria de Lula cita que o ex-presidente está disputando sua sexta eleição, e diz que "em nenhuma delas, muito menos nessa, discutiu antes das eleições cargos no governo ou indicações no judiciário".

"Qualquer pessoa que especule sobre esse assunto não fala em nome do ex-presidente e mente ao ventilar nomes para a PGR ou outros cargos. Qualquer matéria feita sobre esse assunto com bases em fontes anônimas (off) ou mesmo em on que não seja o próprio ex-presidente devem ser desconsideradas", acrescentou a assessoria do petista.