Dino recolhe bumbo e dá passagem à discrição de Lewandowski
Diante da cúpula do Executivo, do Legislativo e do Judiciário, Ricardo Lewandowski tomou posse como ministro da Justiça em um evento que mostrou a diferença de estilo entre o ex-comandante da pasta, Flávio Dino, e o novo ocupante do cargo.
Lewandowski entoou um discurso parecido com o de seu antecessor no conteúdo, embora a forma seja dissonante. Enquanto Dino é adepto das frases feitas, Lewandowski é mais afeito ao estilo da discrição.
O novo ministro disse que dará continuidade aos projetos de Dino e deu sinais de que seguirá a mesma linha de gestão. Com tom de voz mais baixo que o de Dino, Lewandowski leu calmamente as atribuições do Ministério da Justiça.
Em seguida, declarou que sua prioridade será a segurança pública, fazendo eco à gestão de seu antecessor.
"O Brasil enfrenta agora um novo e temível desafio, que é o da criminalidade organizada", disse Lewandowski. Ele ressaltou que "não há solução fácil para o problema". Declarou ser contra o "encarceramento em massa aos delinquentes" e o afrouxamento dos regimes de prisões do fechado para o aberto, por exemplo. Para ele, isso "só aumentaria a tensão".
A solução, para ele, seria confiscar ativos das organizações criminosas —estratégia, diga-se, abraçada por Dino.
Antes do discurso de Lewandowski, Dino se despediu do cargo com discurso mais curto. Disse em alto e bom som: "Gosto muito de instrumentos de percussão, de tocar tambor". Segundo ele, ainda que Lewandowski gostasse de outro instrumento, todos estariam sob a mesma regência, na mesma orquestra.
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva discursou por último. Elogiou Dino e lembrou que conhece Lewandowski dos tempos de São Bernardo do Campo (SP). Mostrou que sim: estão todos na mesma página da partitura.
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