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Chico Alves

REPORTAGEM

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Cassinos: posição de Barros é decisiva na relação de evangélicos e governo

13.abr.2021 - O deputado federal Sóstenes Cavalcante é coordenador da frente parlamentar evangélica - Divulgação / Agência Câmara
13.abr.2021 - O deputado federal Sóstenes Cavalcante é coordenador da frente parlamentar evangélica Imagem: Divulgação / Agência Câmara

Colunista do UOL

23/02/2022 13h26

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Um tema bastante delicado para a relação entre o governo e a frente parlamentar evangélica será discutido hoje na Câmara. O presidente da Casa, Arthur Lira (PP-AL), decidiu colocar em votação o polêmico Projeto de Lei que libera cassinos, bingos, jogo do bicho e outros jogos de azar no Brasil. O tema racha dois grupos que dão apoio ao governo. Parlamentares do Centrão são favoráveis, mas os deputados evangélicos se colocam radicalmente contra e prometem obstruir a votação.

Apesar de o texto do PL ter como um dos autores o atual ministro da Casa Civil, Ciro Nogueira, o coordenador da frente evangélica, Sóstenes Cavalcante (DEM-RJ), evita fazer críticas ao governo, do qual é aliado. Lembra, inclusive, que o presidente Jair Bolsonaro orientou os deputados governistas a votarem contra.

Mas Sóstenes fez uma ressalva à coluna: "Eu vou ficar de olho em qual será a orientação de painel do líder do governo, Ricardo Barros. Isso para nós é crucial. Se ele for a favor do projeto, é grave. Se ele liberar a votação, também é grave", explica Sóstenes. "Se o presidente Bolsonaro é contra, a liderança dele aqui na Casa tem que orientar contra".

"O presidente fez declarações públicas e mandou mensagens aos parlamentares durante a madrugada pedindo voto contrário", diz o deputado. "Mas queremos que seu líder faça a mesma coisa".

Sóstenes não quis adiantar que tipo de dano poderia resultar da aprovação do projeto para a relação da frente evangélica com o governo Bolsonaro. "Não posso medir as consequências sem antes ver como vai se dar o processo", avaliou.

O deputado também criticou a forma sumária como o assunto foi encaminhado à votação e reclamou de que discussão tão importante seja feita de forma remota. Algo que tem sido muito comum na gestão de Arthur Lira.

"Não considero essa forma de trabalho salutar para o processo legislativo. Houve cerceamento de acesso ao texto para amplo debate", considera. "O relatório só foi liberado depois de 22h, com 50 páginas. Pouquíssimos parlamentares conseguiram ler, muito menos estudar devidamente".

A estratégia da frente evangélica é levantar questões de ordem e propor emendas ao relatório para inviabilizar a votação. Caso essa tática não tenha sucesso, a frente vai trabalhar para orientar o máximo de votos contrários.