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Chico Alves

OPINIÃO

Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.

Moro mantém foco na presidência, em meio a queda de braço no União Brasil

2.abr.2022 - O ex-juiz Sergio Moro (União Brasil) se encontra com o ex-governador do Rio Grande do Sul Eduardo Leite (PSDB) - Divulgação/Sergio Moro
2.abr.2022 - O ex-juiz Sergio Moro (União Brasil) se encontra com o ex-governador do Rio Grande do Sul Eduardo Leite (PSDB) Imagem: Divulgação/Sergio Moro

Colunista do UOL

03/04/2022 04h00

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Depois do pronunciamento de Sergio Moro na sexta-feira (1º), em que ele anunciou que não desistiu da candidatura a presidente e que não concorrerá a deputado federal, uma ala de seu novo partido, o União Brasil, reagiu negativamente. O grupo oriundo do DEM, com ACM Neto e Ronaldo Caiado à frente, para quem as pretensões presidenciais de Moro podem atrapalhar planos regionais, ameaçou impugnar sua filiação. Ontem, porém, o partido divulgou nota em tom bem mais ameno que esperado, sem citar impugnação.

A verdade é que o ex-juiz não desistiu de se candidatar a presidente.

Os descontentes do União Brasil, que gritaram tanto após o pronunciamento de Moro, tiveram que baixar o tom diante da argumentação de Luciano Bivar, presidente da legenda, e outros oriundos do PSL. Bivar usou como principal premissa o fato de que o estatuto do partido não permite impugnar a filiação de alguém apenas porque um grupo não aprova uma eventual candidatura a presidente.

O resultado foi a nota de ontem, que contém um texto dúbio. Por um lado, contempla a ala do partido que pretende que o projeto de Moro se restrinja ao âmbito estadual. "Sua filiação ao União Brasil tem como objetivo a construção de um projeto político-partidário no estado de São Paulo". Mais à frente, porém, a nota atribuiu ao ex-juiz a tarefa de facilitar a construção do centro democrático, "bem como o fortalecimento do propósito de continuarmos crescendo em todo país".

Além disso, um dos parágrafos classifica Moro como "homem íntegro, capaz de enriquecer, junto às demais lideranças partidárias, a discussão sobre o futuro que almejamos para o país". Essa passagem combina com o projeto anunciado pelo ex-juiz em seu pronunciamento de sexta-feira, de negociar a aglutinação de outros candidatos no apoio de um só nome da chamada da terceira via. Não por acaso ele se encontrou ontem com Eduardo Leite e Simone Tebet.

Moro continua acreditando plenamente que o nome de consenso será o dele. Planeja quebrar as resistências de parte de seu novo partido com o decorrer do tempo. Um dos principais argumentos é o percentual de intenção de votos nas pesquisas, que o coloca em terceiro lugar. Também Luciano Bivar e seu grupo acreditam nessa possibilidade para dobrar ACM Neto, Ronaldo Caiado e outros políticos que vieram do DEM.

O prazo de Moro para conseguir provar a viabilidade de sua candidatura a presidente vai até a convenção partidária, que não tem data marcada, mas pela lei eleitoral deverá ser realizada entre 20 de julho a 5 de agosto.

O Palácio do Planalto continua sendo o alvo do ex-juiz da Lava Jato.