Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.
Com semipresidencialismo, Lira quer manter chave do cofre com o Centrão
Receba os novos posts desta coluna no seu e-mail
Depois de fazer campanha dizendo que combateria a prática do "toma lá, dá cá" e xingando o Centrão de todas formas, Jair Bolsonaro tornou-se o presidente mais subserviente ao fisiologismo desse grupo político. Para afastar a possibilidade de impeachment e inviabilizar movimentos hostis no Congresso, o governo elevou à enésima potência as emendas de relator. Com o orçamento secreto, repassou para os caciques do Centrão (o presidente da Câmara, Arthur Lira, à frente) a prerrogativa de executar R$ 16 bilhões em recursos públicos. Pior: sem que a sociedade possa fiscalizar a utilização do dinheiro.
No Brasil de hoje, além de se ocupar de legislar, o Centrão também é o verdadeiro Poder Executivo.
Não é mais o presidente quem dá a palavra final sobre a aplicação do orçamento. Bolsonaro é um fantasma no Palácio do Planalto, a vocalizar assuntos retrógrados que são caros aos olavistas e militares do governo. A caneta está mesmo com Lira, Ciro Nogueira (ministro da Casa Civil) e Valdemar Costa Neto (presidente do PL).
Bolsonaro fez justamente o contrário do que anunciou na campanha. Como presidente, está garantindo ao Centrão seus dias mais opulentos. Nunca o grupo teve tanto dinheiro para gastar e nunca teve tão pouco controle dos fiscais sobre suas ações. Não só no orçamento secreto, também no Ministério da Educação, no Ministério do Desenvolvimento regional, na Saúde...
É uma farra, que tem rendido denúncias de corrupção em várias latitudes. Vai de compra de tratores superfaturados a licitações suspeitas para asfaltamento de rodovias, passando por escolas virtuais.
É para manter a chave do cofre sob seu poder que Lira vem agora com essa conversa de semipresidencialismo. Quer inscrever na Constituição a regra segundo a qual o presidente passará a ser oficialmente uma rainha da Inglaterra, enquanto os deputados do Centrão dominam a máquina (seja quais forem os integrantes do Centrão nas próximas legislaturas).
Visto por outro ângulo, o semipresidencialismo é, na verdade, um semiparlamentarismo. Esse assunto já foi decidido em plebiscito feito em 1993 e qualquer mudança abrupta, sem detalhada discussão com a sociedade, é, sim, um golpe.
Instaurado de sopetão, esse debate seria golpista mesmo que tivesse as mais nobres intenções republicanas. Tendo como motivadora a intenção de ampliar o domínio do Centrão sobre as verbas públicas, mais ainda.
É preciso que os brasileiros se previnam: o apetite de Lira, Nogueira e Costa Neto é insaciável.
Bolsonaro que o diga.
ID: {{comments.info.id}}
URL: {{comments.info.url}}
Ocorreu um erro ao carregar os comentários.
Por favor, tente novamente mais tarde.
{{comments.total}} Comentário
{{comments.total}} Comentários
Seja o primeiro a comentar
Essa discussão está encerrada
Não é possivel enviar novos comentários.
Essa área é exclusiva para você, assinante, ler e comentar.
Só assinantes do UOL podem comentar
Ainda não é assinante? Assine já.
Se você já é assinante do UOL, faça seu login.
O autor da mensagem, e não o UOL, é o responsável pelo comentário. Reserve um tempo para ler as Regras de Uso para comentários.