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Chico Alves

REPORTAGEM

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PM aponta arma para ativistas do MST que foram a Juiz de Fora apoiar Lula

Chico Alves*

Colunista do UOL

11/05/2022 11h47

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Integrantes do MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra) tiveram discussão na manhã de hoje com apoiadores do presidente Jair Bolsonaro (PL) na cidade mineira de Juiz de Fora.

Soldados da PM de Minas Gerais interferiram e um dos militares apontou uma carabina para os ativistas do MST desarmados. Os sem-terra estão no local para demonstrar apoio ao presidenciável Luiz Inácio Lula da Silva (PT), que hoje cumpre agenda na região.

Em vídeo que circula nas redes sociais, o soldado empunha a arma contra os manifestantes lulistas. É possível ouvir pessoas dizendo "Atira!" e "Nós estamos numa manifestação pacífica".

"Cerca de 20 bolsonaristas com um carro de som tentaram bloquear a saída do aeroporto e nós estávamos em um grupo de 60 pessoas e nos posicionamos sobre a rotatória, sem atrapalhar o trânsito, em manifestação pacífica", conta Nei Zavaski, membro da coordenação estadual do MST em Minas.

"No grupo deles, havia gente à paisana e armada. Houve tensão, começou uma discussão. Quando a polícia chegou, se colocou em posição de intimidação contra nós, em favor deles. Um policial sem identificação de nome apontou a escopeta para nós".

Zavaski critica a atuação dos policiais. "A postura da polícia deveria ser de evitar o conflito e manter a agenda de um ex-presidente na tranquilidade", observa.

Procurado pelo UOL, o comando da Polícia Militar declarou que vai analisar o procedimento adotado pelo militar que aparece nas imagens apontando a arma em direção à cabeça de um dos manifestantes.

"O policial faz uma análise do que está passando. E nós vamos depois fazer uma análise mais aprofundada para saber se a utilização [da armar] foi adequada, oportuna, até porque havia um número bastante grande de pessoas que poderiam se enfrentar. Mas o equipamento foi o adequado", disse, por telefone, o major Jean Amaral.

Segundo o militar, os policiais estão utilizando "equipamento de menor potencial ofensivo, calibre 12, de borracha, mas não houve a necessidade de disparo".

Até o momento, segundo o policial, não há registro formal na PM de pessoas feridas ou ameaçadas.

O comando da Polícia Militar em Juiz de Fora demonstra preocupação com os possíveis atos de violência entre simpatizantes de Lula e de Bolsonaro na cidade.

"A preocupação existe. Nós estivemos, ao longo dos últimos dias, nos organizando para que o efetivo policial estivesse adequado à movimentação de pessoas. Juiz de Fora tem uma tradição ligada ao PT, hoje a prefeita [Margarida Salomão] é do PT, e nós temos o costume de acompanhar candidatos do PT na cidade sempre com muita movimentação de simpatizantes", disse o major Jean Amaral.

O policial disse também que o efetivo da PM nos eventos de Lula hoje é de 60 militares, além da Guarda Municipal.

*Colaboração para o UOL, de Juiz de Fora (MG)