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Antes de ida de Lula ao RJ, intelectuais pedem que Molon desista do Senado
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Um grupo de 49 intelectuais do Rio de Janeiro tornou pública uma carta pedindo ao deputado Alessandro Molon (PSB-RJ) que abra mão da candidatura ao Senado em favor do pré-candidato do PT, André Ceciliano. A iniciativa foi do antropólogo Luiz Eduardo Soares, que elaborou a base do texto, depois aprovada pelos signatários.
"A situação é muito delicada, a conjuntura é desafiadora, e achei que valeria a pena reunir algumas pessoas que estivessem dispostas a se pronunciar", explicou Soares à coluna. "Pessoas que admiram Molon, como eu, que sempre o acompanharam, inclusive como eleitores, como eu, mas que agora sentiam que ele deveria ouvir quem gosta dele, mas diverge de sua postura, neste momento".
Segundo acordo fechado entre o PT e o PSB, os petistas aceitaram apoiar a candidatura a governador do pessebista Marcelo Freixo, desde que o partido indicasse o candidato ao Senado. Molon resiste em sair da corrida para a vaga de senador, já que está melhor colocado nas pesquisas de intenção de voto (no último levantamento Real Time Big Data, ele aparece em segundo, com 14%, contra 18% de Romário). Ceciliano figura com apenas 4%.
Para Soares, no entanto, "numa aliança, o partido que indica o candidato ao governo não pode querer monopolizar as indicações às candidaturas majoritárias". Na avaliação do antropólogo, cabe a outro partido indicar o candidato ou a candidata ao Senado. "Portanto, o gesto correto é entregar a outra vaga à candidata ou ao candidato que o principal partido da coalizão indicar". diz ele.
Eleitores que se identificam com a esquerda têm criticado a intransigência dos petistas em manter a candidatura de Ceciliano ao Senado. "Os eleitores podem cobrar do PT o que acharem melhor, mas esse debate público, legítimo e necessário, não pode ser substituído pela imposição por parte do PSB de uma candidatura ao Senado, já tendo indicado o candidato ao governo. O PT que pague o preço por eventual erro na indicação, o PSB não pode se arvorar em juiz da indicação do PT", afirma Soares.
Para o economista Mauro Osório, um dos signatários da carta, o ideal seria que Molon tentasse agora a reeleição a deputado, com alguma sinalização para ser lançado a prefeito do Rio em 2024.
A socióloga Julita Lemgruber, que também assina o texto e reconhece as qualidades de Molon, acredita que os projetos partidários devem se sobrepor aos individuais.
A seguir, a íntegra da carta dos intelectuais:
Carta aberta ao Deputado Alessandro Molon, Presidente Estadual do PSB.
Rio de Janeiro, 2 de julho de 2022
Sua trajetória, marcada por compromissos inegociáveis com a ética, a transparência e o Estado democrático de direito, honra o Parlamento brasileiro e enche de orgulho seus eleitores. Somos admiradores e admiradoras de sua defesa corajosa e incansável do meio ambiente, das sociedades originárias e dos direitos humanos, assim como de sua luta contra a violência do Estado, o racismo e as desigualdades.
Pois agora, ante as ameaças do bolsonarismo ao que nos resta de democracia, seu papel será ainda mais indispensável. No estado do Rio de Janeiro, o ovo da serpente foi gestado. Aqui, o milicianato tem vencido e prosperado. E nesse momento, um candidato bolsonarista busca consolidar-se, tentando dividir as forças democráticas.
Sim, porque, dessa vez, aprendemos com as derrotas e estamos unidos. Pela primeira vez em décadas, temos um candidato ao governo do estado efetivamente competitivo, Marcelo Freixo, graças aos esforços que diferentes partidos e movimentos sociais têm feito para superar divergências ideológicas e projetos pessoais. O potencial de nosso candidato, além de suas próprias virtudes, reside nessa unidade sem precedentes, da qual seu partido, o PSB, tem sido um dos artífices. Nada justificaria colocar em risco a unidade, essa conquista extraordinária, que nos oferece a oportunidade de alcançar uma vitória histórica, elegendo Lula presidente e Freixo governador.
Ocorre que, se o candidato ao governo é do PSB, ao outro partido deveria caber a indicação do candidato ao Senado. Portanto, a postulação de sua candidatura ao Senado, embora legal e legítima, e fundamentada em seus méritos indiscutíveis, coloca em risco a coalizão suprapartidária, o mais poderoso instrumento político que se logrou formar, em décadas. Temos certeza de
que não é esse seu desejo. No entanto, a consequência objetiva de sua candidatura ao Senado seria a ruptura da frente ampla. Por isso, lhe dirigimos um apelo e o fazemos porque acreditamos em seu compromisso pela derrota do fascismo no Rio e no Brasil. Um gesto de grandeza de sua parte, selando definitivamente a grande unidade pela democracia, corresponderia a um passo decisivo em direção à vitória que seria também sua, porque não se cumpriria sem seu protagonismo lúcido, solidário e generoso.
Liszt Vieira
Luiz Eduardo Soares
Miriam Krenzinger
Julita Lemgruber
Heloisa Buarque de Holanda
Mauro Osório
Ana Carolina Lima
Lili Raim
Pina Jr
Julio Souza Reis
Gisele Cittadino
Margarete Brito
Ítalo Moriconi
Sebastião Velasco e Cruz
Tite Borges
Luiz Antônio Carvalho
Sandra Tosta Faillace
Maria das Dores C. Machado
Charles Pessanha
Sylvia Tosta Faillace
Sandra Rebel Gomes
Otávio Velho
Renée Zicman
Octavio de Barros
Paulo Cezar Reis
Luiz Carlos Rodrigues Filho
Marcia Menezes Assis Gomes
Paulo Roberto Mello
Eliane Longo
Glauber Almeida
Luiz Mello
Renato Lessa
Jessie Jane Vieira de Sousa
Eva Doris Rosental
Lília Coelho de Sousa Santos
Viviane Furtado Matesco
Regina de Paula
Ana Luzia de Lima Cunha
Cristina Salgado
Maria Augusta Ramos
Valéria Pinheiro
Valéria Pereira da Silva
Luciano Tolla
Dulce Pandolfi
Agostinho Guerreiro
Maria Júlia Pinheiro
João Ricardo Wanderley Dornelles
Flora Sussekind
Luiz F. Taranto
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