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Chico Alves

OPINIÃO

Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.

Violência das milícias políticas de Bolsonaro se repete no RJ

Deputado estadual do Rio Rodrigo Amorim (PTB) é apontado como autor de confusão em caminhada com candidatos de esquerda - Reprodução/Twitter
Deputado estadual do Rio Rodrigo Amorim (PTB) é apontado como autor de confusão em caminhada com candidatos de esquerda Imagem: Reprodução/Twitter

Colunista do UOL

17/07/2022 04h00

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Conhecido por atos de molecagem como a destruição da placa em homenagem a Marielle Franco, o deputado estadual Rodrigo Amorim (PTB) voltou a colocar em prática ontem seu estilo de vandalismo político. Cercado por brutamontes, atacou o grupo em que estavam o pré-candidato a governador Marcelo Freixo (PSB), pré-candidatos a deputado que o apoiam e militantes de esquerda. Amorim e integrantes de sua trupe — que estariam de arma na cintura — empurraram os correligionários de Freixo, xingaram o pré-candidato a governador e o ex-presidente Lula.

Nas redes sociais, o deputado bolsonarista disse que os militantes de esquerda "começaram a fazer ofensas" contra a família dele e contra o presidente Jair Bolsonaro. Segundo diz, o que fez foi responder à altura.

Amorim não apresenta, no entanto, nenhuma prova de que tenha sido agredido.

O que se vê nos vídeos feitos durante a confusão é justamente o contrário. O deputado e sua turma encurralam o grupo de esquerda e não economizam palavrões contra o pré-candidato do PSB e contra Lula. Xingam, ameaçam e discutem também com os pré-candidatos a deputados e seus apoiadores. Somente depois dessas agressões, os partidários de Freixo passam a chamar Amorim e seu grupo de "milicianos".

Os políticos e militantes de esquerda fizeram registro das agressões na delegacia.

O bolsonarista também registrou queixa na polícia. No Twitter, referiu-se à reclamação dos adversários como "mimimi".

Diante do cinismo do agressor que se comporta como agredido, espera-se que a Policia Civil fluminense prove que tem coragem de cumprir o seu dever, mesmo que se saiba que alguns dos "seguranças" e "assessores" do deputado são policiais.

Depois do ocorrido, apoiadores de Amorim postaram vídeos nas redes sociais em que a "população" estaria reagindo negativamente à pré-campanha de Freixo. Mas nas imagens só quem grita e xinga são os tais "seguranças" e "assessores" do bolsonarista. Ou seja: tudo foi teatro para produzir fake news direcionadas aos seguidores da internet.

Em terras civilizadas, o próprio governador Cláudio Castro (PL), pré-candidato à reeleição e rival do pessebista, teria condenado a violência política, sem se importar que possa ter sido praticada por um aliado fiel, como é o caso de Amorim. No Rio de hoje, porém, não há essa expectativa.

Estão no mesmo contexto os dois ataques contra comícios de Lula - no Rio e em Minas —, o assassinato do petista Marcelo Arruda pelo bolsonarista Jorge José Guaranho em Foz do Iguaçu e a emboscada de Amorim contra Freixo. É o roteiro da violência política ditado pelo ódio que Jair Bolsonaro instaurou no país.

As respostas para essas aberrações devem partir tanto das instituições quanto do eleitor.

Pelo lado institucional, a responsabilidade por enquanto está com a Polícia Civil. Na esfera política, sobra para para aqueles que vão às urnas a tarefa de varrer do mapa parlamentares que estimulam agressões para conseguirem mais audiência e likes nas redes sociais.

Se é essa a vontade do eleitor, a hora de dar esse recado está chegando.