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Chico Alves

REPORTAGEM

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General Villas Bôas nega que militares planejem agir fora da legalidade

11.jan.2019 - General Eduardo Villas Bôas discursa em sua despedida do comando do Exército - 11.jan.2019 - General Eduardo Villas Bôas discursa em sua despedida do comando do Exército
11.jan.2019 - General Eduardo Villas Bôas discursa em sua despedida do comando do Exército Imagem: 11.jan.2019 - General Eduardo Villas Bôas discursa em sua despedida do comando do Exército

Colunista do UOL

26/08/2022 18h44

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Ex-comandante do Exército, o general Eduardo Villas Bôas publicou esta tarde no Twitter um texto em que desmente que as Forças Armadas estejam apoiando a ideia de um golpe para que os militares tomem o poder no Brasil. Referindo-se ao discurso do comandante do Exército, general Marco Antônio Freire Gomes, lido ontem por ocasião do Dia do Soldado, Villas Bôas escreveu: "Aos que nos atribuem possíveis intenções de agir fora dos princípios da legalidade, legitimidade e estabilidade, nosso comandante disponibilizou uma didática fonte àqueles que, com boas intenções, desejam conhecer a alma do Exército".

A seguir, ele reproduz parte da fala do atual comandante do Exército: "Soldado Brasileiro! Se, em algum momento, verdades transfiguradas, notícias infundadas e tendenciosas ou narrativas manipuladas tentarem manchar nossa honra, na vã esperança de desacreditar a grandeza de nossa nobre missão, lembrem-se de que a calúnia jamais maculou a glória de Caxias. O bravo Guerreiro demonstrou que seu coração de Pacificador era ainda maior que a formidável têmpera de sua espada invencível".

Villas Bôas diz que o discurso de Freire Gomes "lavou a alma" dos integrantes da "Força Terrestre", que "ao denegrir o Exército estão maculando a Nação Brasileira".

A publicação do general ocorre em meio a ataques do presidente Jair Bolsonaro ao processo eleitoral, com uma campanha que tenta desacreditar as urnas eletrônicas sem apresentar nenhuma prova de fraude. O ministro da Defesa, Paulo Sérgio Nogueira, é um dos aliados nessa empreitada, ao dizer que o sistema só estará seguro se adotar as medidas sugeridas pelas Forças Aramadas.

Por várias vezes o Tribunal Superior Eleitoral e especialistas civis reiteraram a segurança das urnas eletrônicas.

No dia 3 de abril de 2018, na véspera do julgamento pelo Supremo Tribunal Federal (STF) do habeas corpus do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que estava preso na época, o general Villas Bôas publicou um tuíte que foi encarado como intimidação da caserna para que a corte não libertasse o petista.

"Nessa situação que vive o Brasil, resta perguntar às instituições e ao povo quem realmente está pensando no bem do País e das gerações futuras e quem está preocupado apenas com interesses pessoais?", escreveu, então. E completou: "Asseguro à Nação que o Exército Brasileiro julga compartilhar o anseio de todos os cidadãos de bem de repúdio à impunidade e de respeito à Constituição, à paz social e à Democracia, bem como se mantém atento às suas missões institucionais".

Após assumir a Presidência, no dia 2 de janeiro de 2019, Jair Bolsonaro dirigiu-se a Villas Bôas para agradecer. "O senhor é um dos responsáveis por eu estar aqui", afirmou.

Acometido por uma disfunção degenerativa no neurônio motor, a Esclerose Lateral Amiotrófica (ELA), Villas Bôas não consegue caminhar, se locomove em cadeira de rodas e tem dificuldade para falar.