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Chico Alves

REPORTAGEM

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Campanha de Lula vai à Justiça contra disparo de SMS golpista pró-Bolsonaro

Colunista do UOL

24/09/2022 15h42

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A campanha do presidenciável Luiz Inacio Lula da Silva vai à Justiça para sustar o disparo em massa de mensagens de SMS com ameaças golpistas caso o presidente Jair Bolsonaro não seja reeleito. Desde ontem, usuários de celular de vários estados têm recebido o seguinte texto: "Vai dar Bolsonaro no primeiro turno! Senão, vamos a rua protestar! Vamos invadir o Congresso e o STF! Presidente Bolsonaro conta com todos nós!!".

Reportagem de Rafael Moro Martins, publicada no site The Intercept, informa que as mensagens de SMS recebidas por usuários paranaenses partiram do número 5823, que é o mesmo usado pelo Departamento de Trânsito (Detran) do Paraná — trata-se do sistema Paraná Inteligência Artificial (PIA). O diretor-geral do Detran é Adriano Furtado, ex-diretor-geral da Polícia Rodoviária Federal. O governador do Paraná é Ratinho Junior (PSD) aliado de Bolsonaro.

"Estão usando desesperadamente a base de dados do governo do Paraná. Mas devem estar usando a base de dados do governo federal também, fazendo a integração", alertou à coluna a presidente do PT, deputada Gleisi Hoffmann, que é paranaense. "Recebemos de usuários de Instagram de outros estados o aviso de que receberam o mesmo conteúdo pelo canal oficial". A deputada lembra que o cadastro da CNH do Paraná e outros estados se ligam com o cadastro nacional.

Gleisi destaca que esse tipo de operação é criminosa. "Não podem usar a base de dados pública para fazer isso, pedir votos e tentar causar balbúrdia no dia da eleição", reclama. A campanha de Lula prepara argumentação para acionar o Superior Tribunal Federal e o Tribunal Superior Eleitoral".

Também o senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP) considera o fato muito grave. "Está óbvio que eles não respeitarão o resultado das urnas", diz ele. "É uma semana em que o regime democrático brasileiro vai passar pelo seu maior teste, mas estamos convictos de que a democracia sairá vitoriosa".

O senador espera uma investigação rápida, com providências imediatas.

Em nota, o governo de Ratinho Júnior informa que o caso será apurado pela Celepar (Companhia de Tecnologia da Informação e Comunicação do Paraná).

"O Governo do Estado do Paraná repudia qualquer tentativa de uso político ou manifestação antidemocrática e determinou à Celepar apuração célere junto a seus parceiros para responsabilização desse fato lamentável. O fato ocorreu a partir de uma empresa terceirizada e ela já foi notificada pela Celepar."

Uma outra nota foi divulgada posteriormente pelo governo do Paraná. Diz o seguinte:

"As mensagens de cunho político enviadas por SMS foram feitas a partir de uma empresa terceirizada, a Algar Telecom, sem qualquer iniciativa e envolvimento da Celepar e do Governo do Estado. Em nenhum momento a Celepar teve ciência, autorizou ou enviou qualquer tipo de mensagem.

O caso é grave e os responsáveis serão penalizados na forma da lei. Os órgãos policiais e eleitorais já foram acionados em todas as esferas e os boletins de ocorrência realizados para fins de investigação.

A Celepar notificou a empresa terceirizada para que preste os esclarecimentos de acordo com os parâmetros contratuais e repudia qualquer tentativa de uso político, eleitoreiro ou manifestação antidemocrática a partir de suas plataformas de serviços e trabalha ativamente para combater esse tipo de atitude.

A Celepar e o Governo do Estado foram vítimas desse crime".