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Ineficácia da polícia contra baderna no DF serve de alerta na posse de Lula
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Não foi só a violência dos vândalos que protagonizaram atos golpistas no centro de Brasília que chamou a atenção do país na noite de 12 de dezembro. Além das cenas de terror, encadeadas pela equipe do UOL na reconstituição em vídeo, causou perplexidade a ineficácia da ação policial. Dez dias depois da baderna na qual oito carros e cinco ônibus foram incendiados, além do ataque à sede da Polícia Federal, a uma delegacia e da tentativa de causar uma série de explosões em botijões de gás, ninguém foi preso.
Os criminosos poderiam ter sido capturados no momento da manifestação golpista, já que não eram tantos e agiam de forma desorganizada. Isso não aconteceu.
Seria plausível usar o argumento levantado pelo especialista José Vicente da Silva Filho, coronel reformado da PM de São Paulo e ex-secretário nacional de Segurança Pública, que no vídeo do UOL diz que o foco dos policiais do Distrito Federal naquela noite deveria ser dispersar as manifestações, mais que prender manifestantes.
Pode ser. Mas, passados dez dias sem o registro de nenhuma prisão, hoje se pode dizer que a polícia do governador Ibaneis Rocha (MDB) - reconhecida como a mais bem paga do país e de melhor efetivo - falhou muito na sua tarefa.
Poucas horas depois do festival de vandalismo, o secretário de Segurança do DF, Júlio Danilo Souza Ferreira, deu entrevista ao lado do futuro ministro da Justiça e Segurança Pública, Flávio Dino, na qual garantiu que os manifestantes golpistas seriam punidos. Disse que não faltavam vídeos da ação para ajudar a identificá-los.
Apesar dessa facilidade, nenhum dos criminosos travestidos de patriotas foi parar no xilindró até agora.
Difícil dar justificativa plausível para isso, a não ser especular sobre uma possível leniência dos policiais motivada por sintonia política com o presidente Jair Bolsonaro, o ídolo dos golpistas.
É preciso lembrar que o indígena cuja prisão revoltou os manifestantes e serviu de estopim para a baderna é apoiador político de Bolsonaro. Mais que isso: é seu interlocutor frequente. Horas antes da confusão, José Acácio Serere Xavante esteve à porta do Palácio da Alvorada, falando ao presidente. O filho de José Acácio estava ao lado de Bolsonaro.
Terá o bolsonarismo contaminado a polícia do DF e causado a inércia de seus agentes? Cabe ao governador Ibaneis responder. Se não foi isso, a outra opção é a inépcia - difícil dizer qual alternativa é a pior.
Para desfazer essa má impressão, espera-se que as autoridades de segurança de Brasília apresentem algum resultado de seu trabalho de investigação em breve. Já demoraram demais.
Essa situação serve de alerta para a festa da posse de Luiz Inácio Lula da Silva, no dia 1º, que vai contar com a presença de centenas de milhares de pessoas.
O entorno do presidente eleito já deve estar redobrando os cuidados para que tudo corra bem, mas um personagem em especial deveria estar muito empenhado para que a posse transcorra em paz: o próprio governador do DF.
Além das consequências tristes de qualquer episódio de violência que venha a ocorrer nesse dia, quando o mundo estará de olhos voltados para o Brasil, uma segunda falha da polícia da Capital Federal seria debitada diretamente na conta dele.
A torcida é por uma cerimônia de posse segura e festiva. Espera-se que todos os esforços para isso estejam sendo feitos - e não apenas por parte da equipe de Lula, mas especialmente pelo governador Ibaneis Rocha.
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