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Em live, Bolsonaro chora e se desculpa por não atender a golpistas
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Na sua última live antes de deixar a Presidência da República, Jair Bolsonaro mandou mensagens aos grupos golpistas acampados à porta de quartéis e atendeu a conselhos de advogados e pessoas próximas ao tentar se desvincular dos autores do atentado terrorista desbaratado em Brasília, no sábado (24), quando um artefato explosivo foi encontrado próximo ao aeroporto da cidade.
Bolsonaro condenou o ato e disse que "nada justifica" esse tipo de ação. "O elemento foi pego, graças a Deus", afirmou. Negou que os acusados sejam ligados a ele. Os dois principais acusados, porém, se apresentam nas redes sociais como bolsonaristas e estavam entre os golpistas acampados à frente do QG do Exército em Brasília.
A principal preocupação do presidente foi se dirigir aos grupos que estão à porta dos quartéis pedindo intervenção militar. Em vários momentos, procurou se justificar por não ter atendido aos pedidos dos golpistas.
"Para qualquer medida de força sempre há uma reação, tem que buscar o diálogo para resolver as coisas, não pode dar um soco na mesa e... 'não discute mais esse assunto'", explicou, sem dizer claramente ao que estava se referindo.
Quanto aos acampados nas proximidades dos quartéis, disse que não participou do movimento e manteve silêncio para não ser mal interpretado: "Me recolhi".
Contou que buscou "dentro das quatro linhas", "respeitando a Constituição", uma "saída para isso aí" - uma referência indireta ao resultado das eleições.
"Muitas vezes, mesmo dentro das quatro linhas, você tem que ter apoios. Todo mundo acha que é pegar a Bic, 'faça isso, faça aquilo' e está resolvido", justificou. "Certas medidas têm que ter apoio do Parlamento, de alguns no Supremo, de outros órgãos, de outras instituições". Provavelmente, uma menção velada à falta de respaldo nas Forças Armadas para uma ruptura democrática.
Praticamente se desculpou com os golpistas: "Você não pode acusar apenas um lado, ou acusar a mim. Você que quer resolver o assunto, por vezes pode até ter razão, mas o caminho não é fácil".
Argumentou que não estimula ninguém a partir para o confronto - apesar de várias declarações incendiárias que deu ao longo do mandato — e que essa é a "a pior maneira de tentar resolver o assunto".
"Não tem tudo ou nada", recomendou.
Chorou algumas vezes ao falar de seu sacrifício pessoal "pela pátria".
No mais, a live de Bolsonaro foi como as outras: muitas mentiras, meias verdades, autoelogio à gestão de seu governo, manipulação de informações e ataques ao futuro presidente e sua equipe.
O alívio maior é saber que foi a última.
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