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Daniel Silveira aceitará levar sozinho a culpa pela conspiração golpista?
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Causou surpresa a participação de ontem em plenário do senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) quando se referiu às acusações de golpismo feitas pelo colega Marcos do Val (Podemos-ES) contra seu pai, o ex-presidente Jair Bolsonaro, e contra o ex-deputado Daniel Silveira. Não só porque Flávio confirmou que houve o encontro relatado por Do Val.
O senador confirmou também algo ainda mais grave, ao tratar a reunião como um arroubo golpista de Daniel Silveira.
"Ele (Marcos do Val) já havia me relatado o que tinha acontecido e que isso iria ser trazido a público. Contudo, numa linha de que essa reunião, que aconteceu, ela seria uma tentativa de um parlamentar de demover as pessoas que estavam nessa reunião de fazer algo absolutamente inaceitável, absurdo e ilegal", disse Flávio. Mais à frente, acrescentou: "A situação que foi narrada não configura nenhuma espécie de crime".
Com a correção de que, pelo contexto, o senador usa a palavra "demover" com o sentido inverso - ou seja, de "convencer" —, ele praticamente validou o relato de Do Val sobre a existência de uma conspiração. Apenas ressalva que, na sua interpretação, ninguém fez nada de ilegal.
A primeira questão é: por qual motivo Flávio foi tão amistoso com Marcos do Val, que acabara de implicar seu pai em uma trama cabeluda?
A segunda questão: por que praticamente admitiu que os presentes à reunião trataram de golpismo, quando poderia simplesmente não ter citado ou negado o conteúdo da conversa? Será que soube, de alguma forma, que o papo conspiratório poderia vir à tona? Esse foi o motivo de praticamente ter feito em plenário uma defesa prévia?
Outro aspecto que tem sido bastante comentado nos bastidores do Legislativo e do Judiciário é a situação de Daniel Silveira.
Na segunda versão da confusa história de Marcos do Val, Silveira aparece praticamente como vilão único, o personagem que tentava convencer outros dois a grampear o ministro Alexandre de Moraes. Na primeira versão, publicada na revista Veja, Do Val atribuía a Jair Bolsonaro um papel ativo nessa orquestração, que depois foi amenizado.
Também a fala de Flávio Bolsonaro culpou exclusivamente Silveira por tentar convencer (e não "demover") os outros dois participantes da reunião a fazer algo "inaceitável, absurdo e ilegal".
É comum em tramas mafiosas e milicianas que, quando são flagrados pelos agentes da lei, criminosos convençam um elemento da quadrilha a carregar todas as culpas para livrar o chefe. Além de assistência jurídica, essas figuras recebem recompensa em dinheiro pelo tempo que eventualmente ficarem presos e outras benesses.
Seria esse o caso de Daniel Silveira?
O ex-deputado marombado, bolsonarista de carteirinha, vai aceitar levar sozinho e calado a culpa por mais essa acusação, ainda mais grave que as outras pelas quais está sendo processado?
É um caso complicado, que inspira muitas perguntas.
Espera-se que as respostas não demorem a aparecer.
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