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Ricardo Salles culpa militares e se isenta por crise yanomami
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Em sua participação de hoje no UOL Entrevista, o ex-ministro do Meio Ambiente e atual deputado federal Ricardo Salles (PL-SP) foi provocado a comentar a crise humanitária que atinge a comunidade yanomami de Roraima. Como era de se esperar, usou mistificações bolsonaristas para se isentar de culpa.
Recitou que o problema dos yanomamis é "antigo" (sem dúvida, mas o agravamento nos últimos quatro anos é recorde), argumentou que é causado por "fragilidades institucionais" (seja lá o que isso quer dizer), repetiu fake news de que parte dos indígenas que estão ali vieram da Venezuela e negou que tenha feito qualquer coisa para inibir a fiscalização do Ibama na região (para desmenti-lo, basta conferir a redução de pessoal e recursos que ele impôs ao principal órgão ambiental brasileiro).
À parte essas platitudes, Salles buscou sair da situação incômoda de vilão partindo para o ataque. Disse que a situação se agravou na Terra Yanomami por causa da omissão dos militares, que, segundo ele, só agora começam a agir.
"O que está acontecendo agora e que neste um ano e meio passado não aconteceu? O envolvimento grande da única força, o único vetor público que tem condições de atuar naquela região, que são as Forças Armadas", apontou ele, aos entrevistadores Tales Faria, Juliana Dal Piva e Fabíola Cidral.
Para não deixar dúvidas, reforçou a tese logo em seguida: "Só as Forças Armadas têm condições de atuar de maneira efetiva no combate e no asfixiamento das atividades ilegais naquela região".
Muitas críticas pesadas já foram feitas à inoperância dos militares para coibir a devastação e o avanço dos crimes na Amazônia. Até agora, todas essas observações vieram de grupos políticos que se opuseram ao governo de Jair Bolsonaro.
Agora é diferente.
Quem denuncia a omissão das Forças Armadas é o hiperbolsonarista Ricardo Salles.
Está aí mais um motivo para que os militares se expliquem ou que a investigação sobre as causas da calamidade yanomami se volte para aqueles que comandaram as tropas até o fim do ano passado.
Tanto estes quanto o ex-ministro da Defesa devem responder a uma pergunta simples, que é inversa à que Salles formulou hoje no UOL Entrevista:
Por que a ação que as Forças Armadas estão fazendo agora não foi feita antes?
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