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No primeiro desfile pós-Bolsonaro, enredo político está em baixa na Sapucaí
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Depois de anos seguidos em que as escolas de samba do Rio apresentaram no Sambódromo enredos com forte apelo político, o espetáculo que começa hoje terá um estilo diferente. Apenas uma agremiação, a Beija-Flor de Nilópolis, vai levar à Marquês de Sapucaí tema ligado à política atual.
Em 2022, pelo menos três escolas tiveram como enredo assuntos desse tipo, como críticas ao negacionismo na pandemia (Viradouro), protesto contra a violência policial (Beija-Flor) e defesa dos indígenas (Unidos da Tijuca).
Nos desfiles anteriores à pandemia também houve abordagem de temas políticos, e tanto o ex-presidente Jair Bolsonaro quanto o ex-prefeito carioca Marcelo Crivella foram diretamente criticados na Sapucaí.
Para Fabio Fabato, pesquisador das escolas de samba do Rio, os enredos tendem a ser mais lúdicos quando o clima do país é mais leve.
"Temos uma vontade muito grande de festejar a vida, como se todos estivessem se sentindo aliviados no momento atual", avalia ele. "Desde Crivella, que pressionou muito as escolas, tivemos uma carga de desfiles políticos. Agora é hora de tratar de outros temas".
O único enredo político é "Brava Gente! O Grito dos Excluídos No Bicentenário da Independência", da Beija-Flor. Trata-se de um duro questionamento ao conceito de independência do Brasil, que apresenta movimentos populares que seriam muito mais representativos que o Sete de Setembro.
No desenvolvimento da ideia, há um espaço generoso para crítica aos militares. "Desfila o chumbo da autocracia/ A demagogia em setembro a marchar", diz o samba da escola de Nilópolis, que vai desfilar na segunda-feira.
Nenhuma outra agremiação tratará de política tão diretamente.
O historiador Luiz Antonio Simas, que também é pesquisador das escolas de samba, concorda que o discurso explícito sobre o tema é raridade em 2023 e os enredos esse ano estão mais diversificados.
"O governo Bolsonaro pautou muito esse assunto", afirma Simas. "Depois de um período que já vinha tenso por causa do golpe contra Dilma Rousseff e da tensão com prefeito Marcelo Crivella, as escolas preferiram esse ano tratar de outros temas".
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