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Câmara tem que decidir se é espaço para molecagens ou política
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A partir da legislatura iniciada em 2019, a política brasileira começou um processo de profunda transformação. Muitos deputados e senadores conhecidos por práticas tradicionais foram substituídos nas urnas por figuras que usam as redes sociais para conquistar votos. Como consequência, de um momento para outro, Câmara e Senado foram invadidos por divulgadores de fake news, propagadores de discurso de ódio e personagens performáticos sem qualquer preocupação com os problemas verdadeiros do país.
O objetivo desse novo tipo de parlamentar é destruir a reputação dos adversários e aumentar o número de seguidores.
Seguindo a máxima de que nada é tão ruim que não possa piorar, a legislatura que começa agora manteve boa parte das figuras do mandato anterior e ganhou reforço de espécimes ainda mais bizarros.
Um deles teve ontem participação abominável na tribuna. Nikolas Ferreira (PL-MG), o deputado campeão de votos do Brasil, lançou mão de uma peruca para cometer o crime de transfobia, em pleno Dia Internacional da Mulher, à vista de todos.
A deputada Tábata Amaral (PSB-SP) deu a ele o tratamento devido: não passa de um moleque.
No entanto, não é o único.
Nos debates e embates verificados nos primeiros dias de atuação dos novos deputados e dos deputados reeleitos, a Câmara baixou ainda mais o nível, que já estava próximo do chão. Xingamentos, provocações, ofensas, piadas de mau gosto e mentiras encobrem a tentativa de alguns de apresentar propostas úteis para a população.
A inconsequência desses bolsonaristas radicais está longe de ser inócua, como se viu na depredação às sedes dos poderes da República, no dia 8 de janeiro. O episódio mais triste da história recente do país foi fermentado por esse tipo de pseudopolítico que faz o possível para sabotar o Legislativo a que pertencem. Querem implodir por dentro a democracia.
Na primeira vez não conseguiram. Mas como será se acontecer uma próxima?
É preciso, portanto, tratar com mais rigor esses baderneiros com mandato, mesmo que tenham sido ungidos por muitos votos. Em nenhum país do mundo votação expressiva confere a um político o direito de fazer o que quiser - inclusive infringir as leis. Pelo contrário, o raciocínio deveria ser: quanto mais votos, mais responsabilidade.
Se Arthur Lira, presidente da Casa, quer cumprir a promessa de coibir as manifestações de desrespeito, o caso de Nikolas Ferreira é uma excelente oportunidade. Inclusive porque ele cometeu ontem um crime, que o Ministério Público Federal vai examinar.
Desde o início da legislatura, os deputados sérios e a sociedade civil devem pressionar para que a Câmara volte a ser um espaço de exercício da política, pelo bem do Brasil.
Definitivamente, aquele não é um lugar para moleques.
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