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Contra posição do comandante do Exército, Clube Militar vai celebrar 31/03
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Para sinalizar um movimento de despolitização das tropas, o comandante-geral do Exército, general Tomás Paiva, determinou que não haverá divulgação da 'ordem do dia' em 31 de março com alusão ao golpe que em 1964 instituiu uma ditadura militar no Brasil. Apesar disso, o Clube Militar, agremiação que reúne oficiais da reserva das Forças Armadas, anuncia um almoço para "comemorar" a data.
Com o título "Movimento Democrático de 1964", o convite foi publicado no site do clube, informando que a participação no almoço é por adesão, com preço fixo para sócios e convidados de R$ 90,00.
O texto explica: "O Clube Militar convida para um almoço por adesão, com a finalidade de comemorar o 59º aniversário do movimento democrático de 1964". O evento vai ocorrer na sede esportiva, no bairro da Lagoa, zona sul do Rio de Janeiro.
Apesar de o clube não estar subordinado às regras do Exército, o antropólogo Guilherme Lemos, da Universidade Federal de São Carlos, estudioso das instituições militares brasileiras, diz que há um simbolismo importante a ser extraído desse evento.
"Mantida a iniciativa de uma comemoração do Clube Militar, ficará demonstrada não somente a manutenção de uma cultura autoritária e saudosista da Ditadura no meio militar brasileiro como um todo, mas também o desejo de se produzir um 'radicalismo' por contraste ao Alto Comando do Exército". Segundo Lemos, o Alto Comando, depois de quatro anos gerindo indiretamente o Governo Federal militarizado, aparece nesse episódio como a encarnação do 'legalismo' e do 'respeito à Constituição.
"No limite, reforçará a imagem construída em torno da figura do atual comandante, como o 'Marechal Lott' do século 21", diz o antropólogo.
Lemos se refere ao marechal Henrique Teixeira Lott, que entrou para história como o militar que preservou a ordem constitucional brasileira e garantiu a posse do presidente eleito em 1956, Juscelino Kubitschek.
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