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Será que Braga Netto sabe quem mandou matar Marielle e Anderson?
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Pelo segundo ano seguido, a coluna dá ao general da reserva Walter Braga Netto a chance de esclarecer o crime de maior repercussão da história recente do Brasil. Infelizmente, não houve resposta para a pergunta feita aqui em 14 de março de 2022, sobre quem mandou matar a vereadora carioca Marielle Franco e o motorista Anderson Gomes.
E por qual motivo Braga Netto poderia esclarecer o caso? Basta ler a entrevista que ele concedeu em janeiro de 2019 ao jornalista Vinicius Sassine, no jornal O Globo.
Na época terminando sua participação como interventor na Segurança Pública do Rio, o general comentou o seguinte sobre a execução de Marielle: "Nós fizemos todo um trabalho. Não procuramos um protagonismo. Eu poderia ter anunciado quem a gente acha que foi".
Poderia. Mas até hoje, cinco anos após o assassinato da vereadora e do motorista, Braga Netto não anunciou nome nenhum.
Identificados pela polícia respectivamente como assassino e condutor do carro usado no crime, o PM Ronnie Lessa e o ex-PM Élcio Vieira de Queiroz estão presos.
Os familiares e amigos de Marielle e a sociedade brasileira ainda não têm, no entanto, a informação principal: quem foi o mandante?
O fracasso retumbante dessa investigação é dividido entre a polícia estadual e o Exército, já que o homicídio ocorreu quando Braga Netto era o interventor. A tal intervenção não serviu nem para prevenir a ação dos assassinos em uma rua movimentada do Centro do Rio e nem para consumar a investigação que deveria apontar o nome do mandante.
De 2019, quando deu a entrevista, até hoje, Braga Netto se ocupou de muitas tarefas. Como ministro da Casa Civil, foi parceiro da bagunça que o general Eduardo Pazuello estabeleceu no Ministério da Saúde, atrasando a compra de vacinas e de oxigênio durante a pandemia de covid-19. Em 2021, passou a ser ministro da Defesa e dedicou-se com afinco a fazer campanha contra as urnas eletrônicas. Por fim, como candidato derrotado a vice-presidente na chapa de Jair Bolsonaro, foi aliado do chefe no incentivo a grupos de golpistas que acamparam à frente de quartéis.
Talvez por essa vida atribulada que levou não tenha tido tempo de dar esclarecimentos aos investigadores do caso Marielle.
Mesmo agora, que não tem mais função, é pequena a possibilidade de que o general responda à pergunta feita no alto desta coluna.
A última esperança é a investigação prometida pelo ministro da Justiça e Segurança Pública, Flávio Dino.
Se for conduzido com rigor, esse trabalho da Polícia Federal não pode prescindir de tomar o depoimento da autoridade que estava no posto máximo da segurança pública do Rio quando Marielle e Anderson foram baleados.
Se isso acontecer, finalmente Braga Netto será obrigado a falar o que sabe.
Que esse momento não demore mais. Todos estamos cansados de esperar.
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