Quando voltar, não esqueça de trazer o Rolex, Bolsonaro

A essa hora o ex-presidente Jair Bolsonaro deve estar preparando as malas para a anunciada volta ao Brasil, que, salvo alguma mudança de roteiro, se dará na quinta-feira (30). Desde o fim do ano passado, o político de extrema direita está nos Estados Unidos, animando o cercadinho de admiradores em Orlando, participando de eventos de ideologia conservadora e passeando entre gôndolas de supermercados. Agora, a estadia em território americano chega ao fim - e em boa hora.

Bolsonaro voltará a pisar em solo brasileiro dois dias após os repórteres André Borges e Adriana Fernandes, do jornal O Estado de S. Paulo, descobrirem a existência de um terceiro kit de joias ofertadas pela realeza da Arábia Saudita ao ex-presidente.

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Assim como fez com outro mimo avaliado em R$ 800 mil e como tentou fazer com o kit feminino, cujo valor ultrapassa R$ 16 milhões, ele também se apossou ilegalmente do presente que o Estadão revela hoje, acrescentando ao seu patrimônio itens no valor de R$ 500 mil.

Agora que a informação sobre esse terceiro kit de joias veio a público, é bom que Bolsonaro não esqueça de colocá-lo na bagagem, pois terá que devolvê-lo à Presidência.

Essa caixa contém um relógio Rolex de ouro branco, cravejado de diamantes; uma caneta da marca Chopard prateada, com pedras encrustadas; um par de abotoaduras em ouro branco, com um brilhante cravejado no centro e outros diamantes ao redor; um anel em ouro branco com diamante no centro e outros em forma de "baguette" ao redor e uma espécie de rosário árabe, feito de ouro branco e com pingentes cravejados em brilhantes.

Para evitar qualquer avaria, Bolsonaro deve acondicionar a caixa de joias bem no meio da mala, protegida entre a camisa pirata do Palmeiras, o moleton e os chinelos de tiozão. Dessa forma, evitará que os impactos e solavancos da viagem causem qualquer prejuízo ao precioso conjunto.

Antes de partir para o aeroporto, é recomendável que o ex-presidente faça uma checagem para confirmar que não esqueceu nada - a gravata preferida, o casaco de motoqueiro, o fuzil de estimação. Mas será especialmente importante verificar se não está deixando de levar algum outro presente árabe, quem sabe uma quarta ou quinta caixa de joias.

Já que mais uma vez vai ser obrigado a passar pelo vexame de devolver "lembranças" que embolsou indevidamente, que devolva tudo de uma vez.

Depois que Bolsonaro entregou ao Tribunal de Contas da União e à Polícia Federal o kit de joias masculino e as armas que recebeu de presente dos Emirados Árabes, o colunista acreditou que o ex-presidente tinha aprendido que não pode ficar com aquilo que não é seu.

A existência de uma terceira caixa de itens valiosos sob a guarda de Bolsonaro é a prova de que a coluna se enganou.

Então, apesar de constrangedor, pode ser de grande utilidade reforçar o lembrete: quando voltar, não esqueça de trazer o Rolex, Bolsonaro.