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Lavajatismo faz voto de silêncio sobre menção do papa à prisão de Lula
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Tirado do ostracismo político graças a duas declarações bizarras feitas pelo presidente Lula, o lavajatismo passou os últimos dias assanhado. O senador Sergio Moro (União-PR), o deputado Deltan Dallagnol (Podemos-PR) e seus apoiadores turbinaram a antiga obsessão pelo petista. Foram muitos posts, entrevistas e pronunciamentos no Congresso, aproveitando a maré.
Os dois parlamentares tentaram associar o PT ao PCC, divulgaram a falsa informação de que foi o ex-juiz o responsável pela retirada dos chefões da facção de São Paulo, retomaram o discurso de paladinos da luta contra a corrupção e usaram o fato de Moro ser alvo de criminosos para praticar politicagem.
Essa eloquência, no entanto, não foi usada para repercutir o comentário sobre a Lava Jato de uma das personalidades de maior vulto do planeta. Em entrevista à rede de TV Argentina C5N, o papa Francisco disse que Lula foi injustamente condenado à prisão por causa do uso político do Judiciário (o chamado lawfare), com apoio inestimável da imprensa.
"O lawfare abre caminho nos meios de comunicação. Deve-se impedir que determinada pessoa chegue a um cargo. Então, o pessoal o desqualifica e metem a suspeita de um crime. Então, faz-se todo um sumário, um sumário enorme, onde não se encontra [a prova do delito], mas, para condenar, basta o tamanho desse sumário. 'Onde está o crime aqui?' 'Mas, sim, parece que sim...' Assim condenaram Lula", definiu o pontífice.
Mais à frente, concordou quando o entrevistador disse que a ex-presidente Dilma Rousseff sofreu impeachment por um ato administrativo menor e se referiu a ela como "uma mulher de mãos limpas, uma mulher excelente".
As palavras de Francisco têm a utilidade de relembrar ao Brasil quem são os dois personagens que hoje tentam recuperar a fantasia de heróis. Foram Moro e Dallagnol os agentes do lawfare citado pelo papa, que ilegalmente colocaram Lula na cadeia e entregaram de bandeja o país a Jair Bolsonaro, praticando vários tipos de bandalhas no devido processo legal.
Quando questionados sobre isso, o ex-juiz e o ex-chefe da força-tarefa respondem com os bilhões que a Lava Jato conseguiu recuperar de condenados corruptos, como se uma coisa justificasse a outra.
É a mesma lógica dos milicianos, que sempre justificaram sua ação fora da lei dizendo que combatiam o crime. Até que mesmo os defensores da milícia enxergaram algo óbvio: agir fora da lei é sinônimo de praticar crimes.
Apesar de a Lava Jato ter-se tornado sinônimo de lawfare, com Moro considerado parcial pelo Supremo Tribunal Federal (talvez a maior vergonha para o currículo de um magistrado), e com tantas sentenças anuladas, a dupla lavajatista e seus seguidores (muitos deles na imprensa) tentam aproveitar da melhor maneira a deixa de Lula.
Nesse contexto, é muito oportuna a lembrança do papa Francisco: Lula foi vítima do uso político da Justiça e o mundo sabe que os autores dessa barbaridade — com todas as consequências nefastas que ainda perduram no pais — foram Moro e Dallagnol.
Se muitas vezes a imprensa parece ter esquecido dessa enorme mancha na folha corrida dos dois, ao menos a palavra de uma das mais importantes personalidades mundiais refrescou nossa memória.
Tão verborrágicos nos últimos dias, dessa vez o ex-juiz e o ex-chefe da força-tarefa não deram um pio.
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