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Chico Alves

REPORTAGEM

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Zema viajou ao DF em jato do dono da CNN para declarar apoio a Bolsonaro

Colunista do UOL

28/04/2023 04h00

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Desde a primeira campanha a governador de Minas Gerais, em 2018, Romeu Zema (Novo) anunciou que combateria a "farra dos voos" do Executivo estadual. Criticou o excesso de viagens aéreas feitas por seus antecessores e disse que colocaria à venda as aeronaves do governo, com exceção às utilizadas para casos de emergência e segurança. Prometeu que se eleito só viajaria em aviões de carreira, com total transparência.

A coluna apurou que a promessa foi descumprida em 4 de outubro do ano passado. Nesse dia, Zema foi de Belo Horizonte a Brasília com objetivo de mostrar apoio à reeleição de Jair Bolsonaro a presidente e não usou uma aeronave de carreira. O governador mineiro viajou no jato Bombardier, matrícula PT-RBZ, de propriedade do empresário Rubens Menin, dono de várias empresas, entre as quais a emissora de TV CNN Brasil e a construtora MRV.

Tendo a bordo Zema, Menin, e também o deputado Lucas Gonzalez (Novo-MG) e o presidente da Federação das Indústrias de Minas Gerais (Fiemg), Flávio Roscoe, o avião decolou da capital mineira às 6h54 e aterrissou em Brasília às 8h02. Nesse tempo, o governador mineiro pôde desfrutar de muito conforto no jato do dono da CNN. Trata-se de uma "sofisticada aeronave bimotora executiva de alta performance", segundo o site especializado Aeroin.

A viagem em nada seguiu os parâmetros anunciados na campanha pelo governador de Minas Gerais.

Ao ser perguntado sobre a "carona" no jato de Menin, Zema procurou dar ao compromisso um caráter particular, embora articulações políticas e eleitorais também sejam atribuições de um governador.

"Sobre a viagem específica citada, se trata de um compromisso pessoal, após ter vencido as eleições em primeiro turno. Na ocasião exerci minha cidadania de ter a liberdade de apoiar um candidato. Por se tratar de um compromisso pessoal, em nenhuma hipótese poderia utilizar aeronaves do Estado", respondeu ele, por meio de nota enviada à coluna. No texto, porém, Zema não explicou por qual motivo não pagou de seu próprio bolso passagem em avião de carreira, em vez de usar aeronave de um empresário.

Na nota, o chefe do Executivo mineiro argumenta que antes de assumir o cargo imaginou que seria possível cumprir os compromissos oficiais com deslocamentos terrestres. "Porém, logo entendemos que para otimizar o tempo como governador, e melhor atender às demandas dos mineiros de todas as regiões dos 853 municípios, foi preciso eventualmente utilizar as aeronaves que hoje não são de uso exclusivo do governador, mas pertencem ao Comando de Aviação da Polícia Militar de Minas Gerais", admitiu.

O governador diz que, ao contrário de gestões anteriores, em seu governo os aviões do estado nunca foram utilizadas para compromissos pessoais. Acrescentou que suas viagens são feitas com transparência - embora a "carona" no jato de Menin só agora tenha vindo à tona —, compromisso e responsabilidade com os recursos públicos estaduais.

A coluna também perguntou a Zema se ele acha eticamente aceitável que um governador se utilize da aeronave de um empresário para se deslocar ao local onde vai cumprir seus compromissos. Não houve resposta para essa questão.

Por meio de aplicativo de mensagens e pelo e-mail de uma de suas empresas, a coluna tentou contato com o empresário Rubens Menin, mas não obteve sucesso. O espaço está aberto para manifestação do dono da CNN Brasil e da MRV, caso assim deseje.

A seguir, a íntegra da nota o governador Romeu Zema:

"Como empresário, rodei mais de dois milhões de quilômetros pelas estradas de Minas abrindo lojas em mais de 300 cidades. E foi também dessa forma que fiz minha campanha em 2018. Por isso, ao assumir o cargo de governador imaginei que seria possível também executar os compromissos oficiais somente com deslocamentos terrestres. Porém, logo entendemos que para otimizar o tempo como governador e melhor atender às demandas dos mineiros de todas as regiões dos 853 municípios, foi preciso eventualmente utilizar as aeronaves que hoje não são de uso de exclusivo do governador, mas pertencem ao Comando de Aviação da Polícia MIlitar de Minas Gerais.

Dessa forma fazemos o uso das aeronaves com transparência, compromisso e responsabilidade com os recursos públicos do Estado. Ao contrário de gestões anteriores, no meu governo as aeronaves do Estado nunca foram utilizadas para compromissos pessoais.

As aeronaves que eventualmente utilizamos em deslocamentos para compromissos oficiais são as mesmas que prestam o serviço de transporte de órgãos e propiciaram que Minas batesse o recorde de transplantes em um só dia, salvando vidas. Também são as mesmas aeronaves que levaram os militares especializados em combate ao crime organizado para auxiliar a Polícia de Tocantins na operação contra uma quadrilha de assalto a banco. Portanto, em Minas, o que é público é usado para o bem dos mineiros e brasileiros.

Sobre a viagem específica citada, se trata de um compromisso pessoal, após ter vencido às eleições em primeiro turno. Na ocasião exerci minha cidadania de ter a liberdade de apoiar um candidato. Por se tratar de um compromisso pessoal, em nenhuma hipótese poderia utilizar aeronaves do Estado"