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Grupo de policiais LGBTQIA+ apoia major trans questionada por governo de SC
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Após ter sua "capacidade moral e profissional" questionada pela Polícia Militar de Santa Catarina, com o aval do governador catarinense Jorginho Mello (PL), a major travesti Lumen Müller Lohr ganhou um importante apoio nesse embate. Integrantes de um grupo que reúne cerca de 150 policiais LGBTQIA+ de várias corporaçõess de todo o país esperam ter acesso a detalhes do procedimento contra a oficial para tomar providências jurídicas em sua defesa.
"Queremos mostrar que Lumen não está sozinha", diz o delegado da Polícia Civil do Distrito Federal Anderson Cavichioli, vice-presidente da Rede Nacional de Operadores de Segurança Pública LGBTI+, conhecida como Renosp.
Com 25 anos de carreira na PM, Lumen vai passar por Conselho de Justificação por determinação do governador, que na segunda-feira (24) aceitou pedido do comando da corporação nesse sentido. O colegiado é o responsável por julgar eventuais transgressões morais de oficiais, mas não se sabe qual a acusação contra a major. A Polícia Militar informa que o processo está em segredo e não há relação com identidade de gênero.
"É difícil imaginar que não tenha alguma conexão, porque iniciei a transição de gênero em setembro, inclusive com requisição do nome social em outubro", disse Lumen ao jornalista Abinoan Santiago, do UOL.
O grupo de policiais LGBTQIA+ espera conhecer melhor os questionamentos à major Lumen para tomar alguma iniciativa. "Estamos aguardando a peça inicial para entender qual foi a acusação contra ela, o que levou a PM a questionar a sua capacidade moral", diz Anderson Cavichioli. "Essa abertura de procedimento terá que ser explicada".
O vice-presidente da Renosp estranha, no entanto, que isso aconteça justamente quando Lumen vem se apresentando publicamente como uma pessoa transgênero: "É uma coincidência? Quem tem que responder é o governador de Santa Catarina".
A Rede Nacional de Operadores de Segurança Pública LGBTI+ começou a se formar em 2010 e foi oficializada em 2018 — ao ser registrada, a sigla para designar pessoas gays e transgêneros tinha duas letras a menos que hoje. "O objetivo inicial era defender policiais dos ataques homofóbicos, mas a entidade acabou prestando outros serviços, como o treinamento de policiais para atender pessoas vítimas de homofobia", conta Cavichioli.
Aos 48 anos, ele tem quatro como delegado da Polícia Civil e diz que jamais foi discriminado em seu trabalho por se assumir gay. "Sempre exerci a profissão de maneira natural, nunca tive problemas", afirma. "Quando entrei na polícia já era militante e nunca escondi minha sexualidade. É preciso a gente se posicionar nesses cargos públicos, já que trabalhamos como qualquer outro profissional, com as mesmas capacidades. Nosso caso pode servir para que pessoas como nós se inspirem e ingressem na polícia".
Apesar de não ter queixas pessoais, Cavichioli diz que a entidade recebe com frequência reclamações de discriminação vindas de várias partes do Brasil. "A rede recebe informações sobre perseguições, preterições na carreira e problemas de saúde mental em policiais causados pela homofobia e transfobia".
Sobre o caso do questionamento à capacidade moral e profissional da major Lumen, o vice-presidente da Renosp tem uma importante dúvida. "Gostaria que a PM e o governador explicassem os critérios para fazer a medição", provoca Cavichioli.
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