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Chico Alves

OPINIÃO

Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.

Cláudio Castro, Carluxo e PL se encontram no escândalo da Uerj

Governador Cláudio Castro, Carlos Bolsonaro e Altineu Côrtes, líder do PL na Câmara - Divulgação
Governador Cláudio Castro, Carlos Bolsonaro e Altineu Côrtes, líder do PL na Câmara Imagem: Divulgação

Colunista do UOL

19/05/2023 11h11Atualizada em 19/05/2023 11h27

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Desde agosto, os jornalistas do UOL vêm fazendo revelações aterradoras sobre um esquema de corrupção que usa a Uerj (Universidade do Estado do Rio de Janeiro) para aglutinar personagens que recebem dinheiro em troca de apoio político. Com esse objetivo, um alegado projeto de qualificação educacional já empregou dezenas de cabos eleitorais, parentes e indicados de caciques de partidos, sob a gestão do governador do Rio, Cláudio Castro.

A folha secreta, que inclui funcionários reais e muitos fantasmas, chega a R$ 350 milhões.

A amplitude do escândalo é impressionante, como se pode ver pela matéria que os repórteres Ruben Berta e Igor Mello publicam hoje. No tal projeto da universidade estadual, pelo menos R$ 2,4 milhões foram pagos a aliados dos líderes do PL na Câmara e no Senado, além de um dos principais assessores de Carlos Bolsonaro, vereador do Republicanos, no período de campanha eleitoral.

Somente o líder do PL na Câmara, deputado Altineu Côrtes, tem 20 aliados que receberam pagamento dessa forma. Entre eles, um vendedor de churrasquinho que embolsou R$ 94,3 mil brutos entre janeiro e outubro de 2022, mesmo sem ter qualquer experiência com educação. E também uma mulher que foi presa sob acusação de praticar "rachadinha" na campanha de Côrtes — esta ganhou da Uerj R$ 84.815 entre agosto de 2021 e fevereiro de 2022.

As duas dezenas de indicados do líder do PL na Câmara receberam do projeto em torno de R$ 2 milhões. Côrtes, no entanto, alega que os critérios de escolha foram "técnicos" e joga a batata quente para a Uerj.

Já Carlos Portinho, líder do PL no Senado, que assumiu em 2020 após a morte de Arolde de Oliveira, teve empregada a mãe — destinatária de pagamentos da ordem de R$ 90 mil entre fevereiro e julho de 2022 — e um assessor de gabinete.

Outra figura ilustre que viu um assessor incluído no projeto foi Carlos Bolsonaro, vereador carioca e filho do ex-presidente Jair Bolsonaro. Auxiliar de Carluxo, Rogério Cupti ganhou da Uerj R$ 87,4 mil brutos entre julho e novembro de 2022. Além disso, uma tia de Cupti recebeu R$ 91 mil do projeto no mesmo período.

Além dos personagens revelados agora, o UOL já mostrou que a universidade empregou cabos eleitorais de outros quatro políticos do PL do Rio: o senador Romário, a deputada federal Soraya Santos e os deputados estaduais Rodrigo Bacellar e Dr. Serginho.

Tudo isso aconteceu na gestão do governador Cláudio Castro, que é o responsável pela Uerj e quem autoriza a injeção de recursos no projeto. Como UOL mostrou em reportagem de agosto do ano passado, Castro teve o tesoureiro de sua campanha, Aislan de Souza Coelho, incluído na folha secreta, ao custo de R$70 mil.

Essa farra transcorreu com a complacência do Ministério Público fluminense, que até agora não tomou nenhuma medida efetiva para investigar e punir responsáveis por desviar recursos públicos para destinos escusos.

Ante a cobrança de uma explicação, a direção da Uerj informou que "a seleção é feita por análise de currículo e entrevistas". Certamente o fato de tantos participantes do projetos serem ligados a políticos do PL e a Carlos Bolsonaro é mera coincidência.

Bons tempos aqueles em que a Universidade do Estado do Rio de Janeiro produzia conhecimento de alta qualidade, e não desculpas esfarrapadas.