Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.
Eduardo Bolsonaro é caricatura do Brasil que maltrata os professores
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Não há proposta para tirar o Brasil do atraso e aumentar o nivel de desenvolvimento do país que não cite a Educação como parte da fórmula para solucionar o problema. Políticos, pesquisadores, pais e alunos dizem que elevar a qualidade do ensino é questão-chave para a sociedade avançar. Paradoxalmente, os principais artífices desse processo, os professores, são cada vez mais desvalorizados.
Da piora na remuneração ao baixo reconhecimento público, passando pelas degradação das condições de trabalho, o péssimo tratamento dispensado aos mestres tem desestimulado profissionais experientes e reduzido drasticamente o número de novos postulantes ao ofício.
O bolsonarismo elevou o desrespeito contra os professores a um patamar jamais visto. A última delinquência do grupo nesse tema foi perpetrada pelo deputado Eduardo Bolsonaro (PL-SP), que em im discurso comparou os mestres a traficantes que levam crianças e jovens para o mundo do crime.
Recebeu uma saraivada de críticas por causa da fala abjeta e pode até responder criminalmente pelas asneiras que proferiu.
Com seu perfil caricatural de vilão de filme B, Eduardo Bolsonaro atrai para si toda a ira dos brasileiros civilizados. A verdade, porém, é que ele e os bolsonaristas são somente o extremo de um país que trata os professores muito mal.
Silenciosamente, sem o destaque merecido na mídia, os governantes relegam essa categoria a condições bem aquém da prioridade que dizem dar à Educação.
Uma olhada rápida em fatos recentes prova isso.
Matéria da jornalista Isabela Palhares, publicada na sexta-feira (7) na Folha de S. Paulo, revela que nenhum professor da rede estadual de São Paulo atinge o topo da escala salarial. As exigências para essa progressão tornam a tarefa impossível. No fim das contas a verdade é que a conquista salarial revelou-se uma ficção.
No Rio de Janeiro, o governador Cláudio Castro (PL) se recusa a pagar o piso nacional de 4.420,55, para quem trabalhar 40 horas, homologado pelo Ministério da Educação em janeiro. Para exigir seus direitos, os professores fluminenses fizeram greve por dois meses. A falta de repercussão na mídia e a ausência de manifestações de apoio da população tornaram as coisas mais fáceis para Castro, e o movimento acabou sem qualquer ganho.
Se é assim nos estados mais ricos do país, é possível imaginar as dificuldades em regiões mais pobres. As exceções são poucas, como o Ceará, por exemplo.
Além do retrocesso na remuneração, as condições para exercer as funções são cada vez mais precárias. Os problemas vão desde a piora na merenda escolar à violência dentro em sala de aula.
Apesar disso, governantes e governados continuam a recitar a palavra mágica para resolver todos os problemas do país: Educação.
Falta dar meios aos professores de realizar essa utopia.
Em vez disso, o Brasil os trata de forma cada vez mais aviltante.
Eduardo Bolsonaro e seus asseclas do bolsonarismo são os que se referem aos mestres da forma mais desrespeitosa.
A verdade, no entanto, é que há muitos outros que silenciosamente agem como seus cúmplices.
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