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Em atentado contra a PF, Jefferson expõe o bolsonarismo em carne e osso

O ex-deputado Roberto Jefferson (PTB) gravou um vídeo - Reprodução/Twitter/@crisbrasilreal
O ex-deputado Roberto Jefferson (PTB) gravou um vídeo Imagem: Reprodução/Twitter/@crisbrasilreal

Colunista do UOL

23/10/2022 15h16

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* Cesar Calejon

A exatos sete dias do segundo turno das eleições presidenciais, o bolsonarista Roberto Jefferson alvejou uma equipe da Polícia Federal (PF), que cumpria mandado de prisão emitido pelo ministro Alexandre de Moraes. A decisão foi tomada após o ex-deputado do PTB xingar a ministra Cármen Lúcia das formas mais baixas e asquerosas possíveis, ao ponto de eu não me sentir confortável em reproduzir as ofensas nesta coluna.

Nesse sentido, Roberto Jefferson é a personificação do bolsonarismo: psicologicamente comprometido, armado, ensandecido por uma espécie de "nacionalismo cristão" e disposto a matar adversários em nome da sua "liberdade" — o que, para ele, significa, eventualmente, passar por cima das leis e do próprio regime democrático.

A despeito de tudo o que fez e disse durante os últimos anos e de ter efetivamente atentado contra a vida de policiais federais, Jefferson ainda se considera a vítima, algo como um guerreiro incompreendido que estaria batalhando para salvar o Brasil. A mesma estratégia que foi usada pelos militares da ditadura com o livro Orvil e pelo torturador Brilhante Ustra na publicação Verdade Sufocada, por exemplo.

"Eles correram e eu falei: 'sai porque eu vou pegar vocês!' Isso que vocês têm que saber (...) Mas eles vão vir forte, e eu não vou me entregar. Não vou! Chega! É muita humilhação. Eu vi minha mulher chorando e eu fiquei impotente. (...) Chega de opressão. Eles já me humilharam muito, à minha família (...) Mas eu não to (sic) atirando em cima deles, eu dei perto, não atirei neles. Eu não atirei em ninguém para pegar. Ninguém! Não atirei em ninguém para pegar. Atirei no carro e perto deles", afirma Jefferson em vídeo gravado por ele próprio.

Nesse sentido, o ato cometido hoje pelo ex-deputado bolsonarista caracteriza um atentado terrorista contra agentes do Estado e, a apenas uma semana do pleito presidencial, tem potencial para desencadear conflitos armados de todas as ordens contra as forças de segurança do país. Principalmente, caso Jefferson decida tirar a sua própria vida a fim de se estabelecer como um mártir da extrema direita nacional.

Na semana que vem, em caso de derrota de Jair Bolsonaro nas urnas, atitudes terroristas e potencialmente homicidas dessa ordem contra agentes da lei e opositores políticos poderão se tornar a norma, o que representaria uma ameaça jamais vista de guerra civil em solo brasileiro. Qual será o próximo passo?

* Cesar Calejon é jornalista, mestre em Mudança Social e Participação Política pela USP com especialização (MBA) em Relações Internacionais pela FGV. Autor de Sobre Perdas e Danos: negacionismo, lawfare e neofascismo no Brasil, além de outras obras sobre o bolsonarismo.