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Crise Climática

OPINIÃO

Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.

Mudança climática agrava calor durante a Copa, diz grupo de pesquisa

Thomas Dooley, da seleção norte-americana, passa mal com o calor em partida contra a Romênia, na Copa do Mundo de 1994 - Shaun Botterill/ALLSPORT
Thomas Dooley, da seleção norte-americana, passa mal com o calor em partida contra a Romênia, na Copa do Mundo de 1994 Imagem: Shaun Botterill/ALLSPORT

Colaboração para o UOL, de São Paulo

01/12/2022 11h00

Esta é parte da versão online da newsletter Crise Climática enviada hoje (1). A versão completa, apenas para assinantes, mostra que os primeiros balanços após o verão de 2022 na Europa — o mais quente já registrado no continente — apontam para milhares de mortes em excesso, sendo a França uma das regiões mais impactadas. Quer receber o boletim completo na semana que vem, com a coluna principal e informações extras, por e-mail? Clique aqui e se cadastre.

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É inverno no Qatar - e a Copa do Mundo de Futebol Masculino mudou de data exatamente para evitar o verão na região -, mas desde a semana passada um calor não sazonal atinge o país e ele é agravado pela mudança climática. Quem faz este alerta é o grupo de pesquisa dos EUA Climate Central.

Segundo o Índice de Mudança Climática mantido pela organização, as temperaturas médias em Doha estão ao menos 3°C acima da média para esta época do ano. O Índice aplica uma escala de cinco pontos para indicar o quanto mais provável e/ou frequente as altas e baixas temperaturas se tornaram como resultado da mudança climática. Um nível 3 de Índice de Mudança Climática significa que a temperatura média do dia se tornou pelo menos 3x mais provável do que teria sido sem a influência da mudança climática causada pelo homem.

No dia 28 de novembro, quando o Brasil jogou contra a Suíça, por exemplo, as temperaturas estavam 3.4°C acima da média e a mudança climática tornou esse cenário pelo menos duas vezes mais provável de ocorrer, segundo o índice.

Os torcedores da Copa têm lidado com as altas temperaturas sempre próximas ou acima de 30° C, com o ar condicionado ao ar livre amplamente utilizado pelo evento, mas o efeito nocivo do calor é mais crítico para os jogadores.

"O estresse de competir no calor extremo já está afetando mais atletas ao redor do mundo, e a mudança climática está tornando os esportes ao ar livre mais arriscados tanto para os profissionais quanto para o resto de nós", afirmou Andrew Pershing, diretor de ciência climática do Climate Central.

Ele explica que o calor acima do normal continuará representando um risco crescente para competições esportivas ao ar livre "até que as emissões líquidas de gases de efeito estufa sejam suspensas e as temperaturas globais parem de subir".

Entre os eventos esportivos que deverão ter atenção especial com o calor excessivo estão a Copa do Mundo de Futebol Feminino, no ano que vem, na Austrália; as Olimpíadas de Paris, que ocorrerão em 2024 no verão Europeu, sendo a França uma das geografias mais afetadas pelas ondas deste ano; e a Copa do Mundo de Futebol Masculino de 2026, em México, EUA e Canadá, também no verão.

E o que mais você precisa saber

desmatamento amazonia - Paralaxis/Getty Images/iStockphoto - Paralaxis/Getty Images/iStockphoto
Vista aérea de desmatamento na Amazônia
Imagem: Paralaxis/Getty Images/iStockphoto

UM RJ

Sob Bolsonaro, a Amazônia brasileira perdeu uma área superior a do estado do Rio de Janeiro. Foram quase 46 mil km2 de desmatamento, segundo dados do sistema Prodes do INPE (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais). A conta foi concluída ontem (30) após a divulgação dos dados de 2022, que somam os desmatamentos ocorridos de agosto de 2021 a julho deste ano: 11.500 km2, 11% a menos do que no ano passado, mas ainda muito acima da média do governo anterior Dilma-Temer, que foi de aproximadamente 7 mil km2 ao ano.

A alta do desmatamento amazônico do atual governo foi a maior desde o início do século - 59% acima na comparação com os quatro anos anteriores. A gestão Bolsonaro também foi a única que acumulou três anos seguidos de alta.

GT transição ambiental - Reprodução/YouTube - Reprodução/YouTube
A deputada federal eleita Marina Silva (Rede-SP) em evento do governo de transição do presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva
Imagem: Reprodução/YouTube

HERANÇA

O Grupo de Trabalho em Meio Ambiente estabelecido pelo governo de transição fez nesta quarta-feira (30) um balanço do que o novo governo herdará, e a taxa atual de desmatamento é a maior preocupação. O dados do Prodes do próximo ano, por exemplo, conterão os índices de agosto deste ano até julho de 2023, tornando difícil que esses resultados sejam positivos. Apesar disso, o grupo fez uma promessa contundente de redução drástica do desmatamento já no primeiro semestre do ano que vem. O "revogaço" de decretos antiambientais e a recomposição dos órgãos de controle e fiscalização foram apontados pelos porta-vozes como altamente prioritários para este resultado.

demarcação - Antonio Cruz/Agência Brasil - Antonio Cruz/Agência Brasil
Índígenas da etnia Pataxó fazem manifestação em frente à Câmara dos Deputados pedindo a demarcação de terras
Imagem: Antonio Cruz/Agência Brasil

13 TERRAS INDÍGENAS

O Grupo de Trabalho sobre Povos Indígenas também apresentou ontem (30) um balanço dos trabalhos realizados até aqui, deixando claro que o tema das demarcações será central no anunciado Ministério Indígena. Segundo o jurista Eloy Terena, um dos porta-vozes do GT, há 13 Terras Indígenas prontas para serem homologadas, ou seja, não têm nenhum empecilho jurídico para que a demarcação seja concluída. Outra prioridade do grupo de trabalho foi identificar decretos e atos administrativos do atual governo que devem ser revogados para expulsar garimpeiros desses territórios.

gado amazonia - MAURO PIMENTEL / AFP - MAURO PIMENTEL / AFP
COP26 - Gado é visto perto de um incêndio ilegal na Amazônia em Lábrea, no Amazonas, em 15 de setembro de 2021
Imagem: MAURO PIMENTEL / AFP

VOCÊ CONHECE?

Dos dez maiores pecuaristas do Brasil, apenas um não tem problemas ambientais e trabalhistas. A informação impressionante é do levantamento inédito realizado pela Repórter Brasil, que também mostra que 9 dos 10 têm propriedades na Amazônia devido principalmente a terras baratas e dificuldades de fiscalização.