Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.
Lula e Biden têm oportunidade histórica, dizem ambientalistas dos EUA
Esta é parte da versão online da newsletter Crise Climática enviada hoje (9). A versão completa, apenas para assinantes, mostra detalhes de um novo processo contra a Shell que recebeu apoio até de acionistas da empresa. Eles entendem que a inação dos diretores diante da mudança climática ameaça o futuro da companhia. Quer receber o boletim completo na semana que vem, com a coluna principal e informações extras, por e-mail? Clique aqui e se cadastre.
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O encontro entre Lula e Biden que está previsto para ocorrer amanhã (10) pode ser uma oportunidade histórica para o Brasil e os Estados Unidos estabelecerem acordos nas áreas de clima, florestas e proteção aos direitos indígenas, afirmam 14 organizações da sociedade civil dos EUA.
Os ativistas ressaltam que esta é a primeira vez em que ambos os países têm presidentes que priorizam uma agenda de proteção à natureza e ressaltam os desafios comuns às duas nações, em documento com recomendações dirigidas aos dois líderes.
No texto, os autores pedem medidas concretas para que Brasil e Estados Unidos zerem e revertam o desmatamento em seus territórios o quanto antes, não ultrapassando o ano de 2030, como estabelecido no Acordo de Florestas de Glasgow, assinado na COP26 em 2021.
Também cobram ações de devida diligência para garantir que a produção de commodities das duas nações não esteja provocando desmatamento.
Entre as sugestões diretas ao presidente dos EUA, os ativistas pedem que ele anuncie uma contribuição ao Fundo Amazônia e estabeleça parceria com autoridades brasileiras para detecção precoce de novas zoonoses que possam representar risco de epidemia.
Eles pedem ainda que o Brasil seja o país prioritário para a implementação do plano de Biden para conservar sumidouros críticos de carbono em nível global.
Ao presidente Lula, as sugestões dos ambientalistas incluem a modernização do Sistema Nacional de Controle da Origem dos Produtos Florestais e o fortalecimento de órgãos de fiscalização.
Eles também pedem aos dois presidentes que observem seus compromissos com os povos indígenas e estabeleçam condicionantes de risco climático e de integridade florestal para os sistemas bancários.
A Casa Branca declarou que os dois presidentes discutirão na sexta-feira uma ação bilateral para resolver desafios comuns "incluindo o combate às mudanças climáticas, a salvaguarda da segurança alimentar, o incentivo ao desenvolvimento econômico, o fortalecimento da paz e da segurança e a gestão da migração regional."
Uma ação concreta conjunta de Brasil e EUA pode ser crucial para frear a crise climática e a perda global de biodiversidade. Isto porque os dois países são grandes emissores de gases que aquecem o planeta - EUA lidera, e o Brasil é o sexto -, ao mesmo tempo em que são nações megadiversas, isto é, concentram uma grande variedade de espécies em diferentes biomas.
E o que mais você precisa saber
TIME
Antes de embarcarem para os Estados Unidos, o presidente Lula e a ministra Marina Silva, do Meio Ambiente, deram mais clareza sobre como pretendem combater o desmatamento. Uma comissão interministerial com esta função foi estabelecida ontem (8), com foco inicial na Amazônia. O governo também restabeleceu o PPCDAm (Plano de Ação para a Prevenção e Controle do Desmatamento na Amazônia Legal) e criou planos semelhantes para os outros biomas: Cerrado, Mata Atlântica, Caatinga, Pampa e Pantanal.
FUGA
Aeronaves, barcos e retroescavadeiras são destruídos desde ontem (8) na Terra Indígena Yanomami (RR). O Ibama divulgou imagens da operação, incluindo a interceptação de embarcações com garimpeiros, combustível e material de mineração a bordo. Este é o começo da desintrusão, isto é, a retirada de invasores da área protegida, o que só pode ser iniciado após a ajuda humanitária emergencial aos indígenas. A Folha reporta que apenas cinco empresas são apontadas por pesquisadores como as compradoras principais do ouro extraído ilegalmente no país: F.D'Gold, OM (Ourominas), Parmetal, Carol4 e Fênix.
VIRAR SERTÃO
O Rio Grande do Sul caminha para consolidar três anos consecutivos de uma estiagem extrema causada principalmente pelo fenômeno La Niña, que também dura três anos e pode esmorecer ao longo de 2023. A atuação incomumente prolongada de La Niña, combinada com alterações drásticas nos padrões de chuva, algo previsto pelo IPCC (Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas) para esta região do planeta devido ao aquecimento global, já estão gerando prejuízos agrícolas irreversíveis.
Um vídeo publicado pela deputada estadual Laura Sito (PT-RS), mostra a penúria da Lagoa do Peixe, em Tavares (RS), com 90% menos água do que sua média histórica para o período. Cerca de 200 famílias dependem da pesca do camarão-rosa nesta lagoa.
ONDA
A seca observada no Rio Grande do Sul está inserida em um contexto mais amplo de extremos de calor e de seca neste Verão na América do Sul. As queimadas historicamente severas que atingem o Chile neste momento e as ondas de calor na Argentina, Paraguai e Uruguai observadas desde dezembro completam o cenário. O clima severo nessas regiões é piorado pelo aumento dos desmatamentos de áreas úmidas vitais para o continente, principalmente a Amazônia, o Cerrado e o Chaco.
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