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Crise Climática

OPINIÃO

Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.

Fala de Lula sobre energias renováveis gera expectativa no exterior

Presidente Lula durante reunião na COP27, no Egito, logo após ser eleito - MOHAMED ABD EL GHANY/REUTERS
Presidente Lula durante reunião na COP27, no Egito, logo após ser eleito Imagem: MOHAMED ABD EL GHANY/REUTERS

Colaboração para o UOL, em São Paulo

12/01/2023 11h00

Esta é parte da versão online da newsletter Crise Climática enviada hoje (12). A versão completa, apenas para assinantes, destaca um novo processo judicial contra um causador de destaque da mudança climática: a petroleira britânica BP. Uma coalizão de jovens ativistas quer que o Tribunal Internacional julgue a empresa por crime contra a humanidade, e processos deste tipo podem se tornar tendência. Quer receber o boletim completo na semana que vem, com a coluna principal e informações extras, por e-mail? Clique aqui e se cadastre.

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O Brasil pode ser um importante ator na revolução de energias renováveis já em curso nas economias centrais. Esta é a opinião de Matt Gray, CEO do think-tank britânico TransitionZero. Ele destacou que este foi um dos temas de cooperação abordados pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva durante a Conferência do Clima, a COP27, realizada em novembro no Egito.

"O Brasil é abençoado com ricos recursos energéticos renováveis, incluindo um forte potencial solar e fortes fluxos eólicos estáveis ao longo da sua imensa costa atlântica que complementam a produção sazonal de energia hidrelétrica", afirma o pesquisador. "O discurso de Lula na COP27 sinaliza oportunidades promissoras de investimento e cooperação entre o Brasil e a Europa, particularmente para a energia solar e eólica."

Por outro lado, se o país continuar aumentando sua dependência de termelétricas a gás, como ocorreu nos anos Bolsonaro, o analista diz que os custos para a geração elétrica tendem a subir, com o cenário de mais competição por este insumo em 2023.

"No Brasil, o gás e as energias renováveis competem por uma parte do crescimento previsto no consumo de energia e nas lacunas na produção hidrelétrica. Sem uma transição rápida e planejada para energias renováveis, como a solar e eólica, o Brasil continuará a depender de importações de GNL incertas e dispendiosas", diz Gray.

"Como é provável que o mercado de GNL se mantenha extremamente apertado nos próximos 3-4 anos, o Brasil será forçado a competir com a Europa e a Ásia para atrair cargas para o Atlântico Sul. Isto significa que o gás será um meio dispendioso de satisfazer o aumento incremental de energia em comparação com as energias renováveis."

Gray ressalta que mesmo com a guerra russa impulsionando novos projetos de gás em todo o mundo, o crescimento das energias renováveis não foi contido, como mostram os números da Agência Internacional de Energia.

"O crescimento da revolução das energias renováveis está bem e verdadeiramente em curso na Europa. Só este ano, os países da UE concordaram com um aumento de 25% na capacidade das energias renováveis, elevando a sua ambição para 69% de eletricidade renovável até 2030 (anteriormente 63%)", conclui Grey.

E o que mais você precisa saber

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Fumaça sai de torres de resfriamento em usina de carvão
Imagem: Wolfgang Rattay/Reuters

MAIS CARVÃO

A substituição dos combustíveis fósseis por energia renovável é indispensável para frear a crise climática, já que são esses combustíveis os responsáveis pelo maior volume de emissões de gases que aquecem o planeta. O relatório anual da AIE (Agência Internacional de Energia) mostra que a crise gerada pela guerra russa aumentou o uso do carvão, a forma mais poluente de gerar eletricidade. Segundo o documento, o carvão pode continuar nos mesmos níveis de uso de 2022 se não houver esforços adicionais para acelerar a transição energética nos próximos anos.

SEGURANÇA ENERGÉTICA

Por outro lado, a mesma crise de energia que aumentou a procura por fontes obsoletas, como o carvão, fez crescer a busca por fontes renováveis modernas que diminuem a dependência do mercado externo, como a solar e eólica. Segundo a AIE, as renováveis cresceram 30% a mais do que a própria agência previu para 2022 por causa da guerra. Essas fontes agora respondem por 90% da expansão elétrica esperada para os próximos cinco anos no mundo, e até 2025 ultrapassarão o carvão como principal fonte de eletricidade.

aquecimento global - Lionel Bonaventure/AFP   - Lionel Bonaventure/AFP
Imagem: Lionel Bonaventure/AFP

META DE 1,5C

Já a IRENA (Agência Internacional de Energia Renovável) mostra em seu relatório anual que o total de investimentos em renováveis precisa crescer ainda muito mais para estar em linha com os objetivos do Acordo de Paris. Segundo o relatório, para que o mundo tenha a chance de manter o aquecimento abaixo de 1,5C até 2050, 90% da eletricidade global terá que vir de fontes renováveis até essa data. A agência alerta que esse cenário depende também de um planejamento de alto nível em todos os países para garantir matérias-primas vitais e capacitação dos recursos humanos necessários.

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