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Crise Climática

REPORTAGEM

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Desmatamento atinge floresta que tem a maior árvore da América Latina

Maior árvore da América Latina está dentro de uma unidade de conservação estadual de uso sustentável - Divulgação/Jonathan dos Santos
Maior árvore da América Latina está dentro de uma unidade de conservação estadual de uso sustentável Imagem: Divulgação/Jonathan dos Santos

Colaboração para o UOL, em São Paulo

05/01/2023 11h00

Esta é parte da versão online da newsletter Crise Climática enviada hoje (5). A versão completa, apenas para assinantes, destaca dois relatórios conjuntos da Universidade de Columbia, nos EUA, sobre como destravar o investimento em energias renováveis nos países em desenvolvimento. Quer receber o boletim completo na semana que vem, com a coluna principal e informações extras, por e-mail? Clique aqui e se cadastre.

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A floresta que abriga a maior árvore da América Latina já é a quinta unidade de conservação mais desmatada da Amazônia brasileira. A Flota (Floresta Estadual) do Paru, localizada no Norte do Pará, é um santuário de árvores gigantes que está muito pressionado pelo avanço do garimpo e pelo roubo de terras públicas, a chamada grilagem.

O grande angelim-vermelho (Dinizia excelsa) que existe na Flota do Paru tem de 400 a 600 anos e quase 90 metros de altura, o equivalente a um prédio de 30 andares. Para chegar até ele é necessário percorrer 400 quilômetros pelo rio e mais 40 quilômetros a pé pela mata densa. Mas nem todo esse isolamento é capaz de protegê-lo.

Um levantamento conduzido pelo Imazon identificou 99 Cadastros Ambientais Rurais dentro da Flota do Paru. "São quase 100 terrenos que foram empossados ilegalmente dentro de terras públicas protegidas", afirma Jakeline Pereira, pesquisadora do Imazon e conselheira dessa unidade de conservação.

A Flota do Paru é uma área de 3,6 milhões de hectares e faz parte do maior bloco de áreas protegidas do mundo. Esta floresta estadual isoladamente é a terceira maior unidade de conservação florestal tropical e de uso sustentável do planeta. Próximo ao angelim-vermelho de 90 metros, há outras árvores de 80 a 70 metros, além de rios, cachoeiras, montanhas e savanas, em uma grande diversidade de paisagens. Ali também são encontradas espécies de animais e plantas endêmicas, isto é, que só existem naquela região. Isso significa que esta é uma importante área para conter as mudanças climáticas e a crise global de perda de biodiversidade.

O desmatamento que avança no território coloca em risco atividades econômicas como o ecoturismo, o manejo florestal e o extrativismo, esse último importantíssimo para a geração de renda dos povos e comunidades tradicionais. Atualmente, cerca de 300 pessoas vivem do uso sustentável da castanha-do-Pará coletada na floresta.

A preservação do grande angelim-vermelho e de toda a Flota do Paru depende do governo do Pará, que detém a gestão da área.

"As árvores gigantes e a Flota do Paru são um patrimônio dos brasileiros. O governo estadual precisa cancelar de imediato os Cadastros Ambientais Rurais que estão dentro da unidade, fiscalizar e autuar a prática de atividades ilícitas que ocorrem na área de conservação", afirma Pereira.

E o que mais você precisa saber

caatinga - Renato Stockler/Na Lata - Renato Stockler/Na Lata
Caatinga no estado do Ceará
Imagem: Renato Stockler/Na Lata

SALVE A CAATINGA

Estão abertas até o dia 28/2 as inscrições para receber recursos do Fundo para Promoção de Paisagens Produtivas Ecossociais (Fundo PPP-ECOS). Desta vez, o 35º edital tem foco inédito no bioma Caatinga e distribuirá cerca de R$ 4 milhões (756,6 mil dólares) para projetos que envolvam pelo menos duas dessas atividades: recuperação de água e biodiversidade; criação de animais; agroextrativismo; artesanato; incentivo ao envolvimento de mulheres e jovens; gestão territorial; incidência política; saúde comunitária a partir de plantas medicinais.

afuá - João Campos/Prefeitura de Afuá - João Campos/Prefeitura de Afuá
Afuá, no Pará - Paisagem de Afuá
Imagem: João Campos/Prefeitura de Afuá

VOCÊ CONHECE?

A Ilha do Marajó, no Pará, e o litoral do Amapá, guardam tesouros ameaçados pelo avanço do nível do mar. Uma dessas joias é a cidade de Afuá (PA), uma das mais incomuns do Brasil. O município é totalmente suspenso por palafitas, e o transporte é feito exclusivamente por bicicletas, o que atrai turistas internacionais e das cidades de Macapá e de Belém. A cidade corre o risco de ter sua água potável salinizada tanto pelo avanço do mar como por impactos ambientais, principalmente a construção de barragens. Perto dali, no Arquipélago de Bailique (AP), a situação já é crítica, e escolas tiveram seu funcionamento interrompido pela salinização da água. A Mídia Ninja dá detalhes.

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