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Crise Climática

OPINIÃO

Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.

Brasil acerta ao posicionar clima e ambiente na agenda econômica

17.jan.2023 - O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, fala ao lado da ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, durante sessão da reunião anual do Fórum Econômico Mundial 2023 em Davos, na Suíça - 17.jan.2023 - Fabrice Coffrini/AFP
17.jan.2023 - O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, fala ao lado da ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, durante sessão da reunião anual do Fórum Econômico Mundial 2023 em Davos, na Suíça Imagem: 17.jan.2023 - Fabrice Coffrini/AFP

Colaboração para o UOL, em São Paulo

19/01/2023 11h00

Esta é parte da versão online da newsletter Crise Climática enviada hoje (19). A versão completa, apenas para assinantes, destaca que a Conferência do Clima da ONU deste ano, a COP28, será a primeira a ter um CEO de petroleira como presidente, o que tem atraído enorme criticismo. Quer receber o boletim completo na semana que vem, com a coluna principal e informações extras, por e-mail? Clique aqui e se cadastre.

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O governo brasileiro demonstra entender agora que a agenda climática é em si uma oportunidade de desenvolvimento econômico ao enviar a ministra do Meio Ambiente e Clima, Marina Silva, ao Fórum Econômico Mundial, em Davos, na Suíça, juntamente com o ministro da Fazenda, Fernando Haddad. No evento "Brasil: um novo caminho", Marina falou com otimismo sobre a difícil tarefa de reduzir o desmatamento, mas cobrou mais financiamento e ambição climática dos países ricos.

"Nosso compromisso é o de que o Brasil possa transitar de uma economia intensiva em carbono para uma economia de baixo carbono", afirmou a ministra, descrevendo o que seria um novo ciclo de prosperidade. "A transição energética, a agricultura de baixo carbono e a bioeconomia são caminhos de investimento que eu tenho a felicidade de poder anunciar aqui com a completa concordância do ministro da Fazenda."

Mas para Marina, falta solidariedade internacional. "Os 100 bilhões de dólares que os países ricos tinham comprometido ainda não estão aqui", cobrou a ministra, referindo-se ao montante anual prometido pelos países ricos aos países pobres no contexto da cooperação climática. "Precisamos de recursos para ações de mitigação e também para a adaptação agora."

Marina disse que é sempre arriscado fazer anúncios ambiciosos, mas que os planos ambientais do Brasil estão calcados em uma "sinergia" que será, segundo ela, "uma marca do terceiro governo Lula". Ela agradeceu a Haddad a mobilização de R$ 500 milhões, ainda durante o governo de transição, para que os orçamentos dos órgãos ambientais fossem recompostos de imediato e comemorou a decisão de manter os fundos mantidos por doações, como o Fundo Amazônia, fora do teto de gastos.

Haddad afirmou que participou de quase todas as reuniões bilaterais que Lula realizou durante a COP27, no Egito, e disse que nesses encontros o presidente teria demonstrado que a questão ambiental foi elevada à condição de uma de suas "obsessões". O ministro disse que haverá um esforço para convencer as grandes corporações a assumir compromissos públicos com uma "agenda civilizatória" de clima.

"É possível engajar CEOs, líderes de empresas - e não apenas chefes de estado e de governo - em uma agenda civilizatória, de sustentabilidade, de respeito aos povos originários, igualdade de gênero, combate ao racismo [...]", disse Haddad, destacando que os consumidores estão mais atentos a esses temas. "Como é possível consumir produtos de empresas que não estão comprometidas com essas questões?"

A ministra destacou ainda que se os maiores emissores de gases de efeito estufa não fizerem uma forte redução, o esforço brasileiro para salvar a Amazônia será anulado.

"A responsabilidade de preservar a floresta amazônica não é nossa apenas. Podemos reduzir o desmatamento na Amazônia a zero, mas se o resto do mundo ainda emite CO2, a Amazônia vai ser destruída da mesma forma."
Marina Silva, ministra do Meio Ambiente e Clima

E o que mais você precisa saber

nova funai - Funai/Divulgação - Funai/Divulgação
Lideranças e indígenas durante posse da nova presidente na Funai, Joenia Wapichana
Imagem: Funai/Divulgação

LIMPA

A fiscalização ambiental e o fomento à ciência estão agora com os ambientalistas. A deputada federal Joênia Wapichana (Rede-RR) é a primeira indígena a presidir a Funai e tem a missão de reparar a polêmica gestão do policial federal Marcelo Xavier. No Ibama, o deputado federal Rodrigo Agostinho (PSB-SP), líder da Frente Parlamentar Ambientalista, substitui Eduardo Bim, o psicopata. Ricardo Galvão, demitido do INPE por revelar a escala do desmatamento sob Bolsonaro, é a nova chefia do CNPq, enquanto Mercedes Bustamante, membro do Painel da ONU sobre Mudança Climática, comanda a CAPES. A presidência definitiva do ICMBio, órgão responsável por Unidades de Conservação, será escolhida a partir de uma lista tríplice.

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Greta Thunberg
Imagem: Reprodução/Twitter

ENERGIA SUJA

A ativista sueca Greta Thunberg se encontra hoje com o chefe da Agência Internacional de Energia, Fatih Birol, no fórum de Davos, ao lado das ativistas Vanessa Nakate, Helena Gualinda e Luisa Neubauer. Na terça (17), Thunberg foi detida na Alemanha durante um protesto contra a expansão de uma mina de carvão da empresa RWE. O carvão é a forma mais poluente e ineficiente de gerar eletricidade, e a empresa que fará a exploração da mina responde a um processo por ser uma das maiores causadoras isoladas da mudança do clima, respondendo sozinha por cerca de 0,5% das emissões históricas globais dos gases que aqueceram o planeta até aqui. A companhia é o maior poluidor individual da Europa atualmente.

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A ativista Greta Thunberg em protesto na Alemanha
Imagem: Getty Images

IRRESPONSÁVEL

O episódio marca o fim da lua-de-mel entre ambientalistas e o governo alemão eleito em 2022. O país vinha buscando protagonismo na diplomacia climática, com Annalena Baerbock, do Partido Verde, chefiando as Relações Exteriores, e Jennifer Morgan, ex-líder do Greenpeace, como enviada especial de Clima. Diante da crise energética, exacerbada pela guerra na Rússia, Berlim tem optado por mais combustíveis fósseis caros e poluentes, ignorando sua responsabilidade histórica pela crise climática já em curso - o país é o maior poluidor europeu e um dos maiores culpados pela mudança do clima.

VOCÊ CONHECE?

Frear o desmatamento na Amazônia depende do combate às facções do crime organizado internacional, como PCC e o Comando Vermelho. É o que afirma Aiala Colares, um dos principais pesquisadores do país sobre redes criminosas que atuam na maior floresta tropical do mundo. Quilombola e militante do Movimento Negro, ele ressalta, em entrevista à Folha, a necessidade de integrar o combate ao crime ambiental a uma agenda geral de segurança pública. Colares é geógrafo, pós-doutor pela Universidade Federal do Pernambuco e professor da Universidade do Estado do Pará.