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Cristina Tardáguila

REPORTAGEM

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'Espero passar 30 dias da Covid-19 para me vacinar'. Já se passaram 65

25.mai.2021 - Mayra Pinheiro em depoimento à CPI da Covid - Jefferson Rudy/Agência Senado
25.mai.2021 - Mayra Pinheiro em depoimento à CPI da Covid Imagem: Jefferson Rudy/Agência Senado

Colunista do UOL

25/05/2021 13h36Atualizada em 25/05/2021 19h54

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Está repleto de contradições o depoimento que a secretária de Gestão do Trabalho do Ministério da Saúde, Mayra Pinheiro, presta nesta terça-feira (25) à CPI da Pandemia. A mais relevante delas tem a ver com a vacina - o único método comprovadamente capaz de prevenir a expansão da covid-19.

Na parte da manhã, o senador Renan Calheiros (MDB-AL) quis saber se Pinheiro, popularmente conhecida como "Capitã Cloroquina", já tinha se imunizado.

"Ainda não", respondeu a secretária. "No dia em que minha vacina estava agendada, eu adquiri covid-19". A secretária omitiu, no entanto, que padeceu de covid-19 antes do dia 21 de março deste ano. Ou seja, há mais de dois meses.

Na parte da tarde, o senador Jorginho Mello (PL-SC) voltou a questionar a depoente sobre sua imunização. E, nessa oportunidade, Pinheiro ofereceu mais uma versão para se manter distante das injeções. Disse que ainda não recebeu a vacina contra a covid-19 porque está aguardando o prazo de 30 dias após a doença para poder se imunizar. Como já dito, no entanto, desde que Pinheiro anunciou publicamente que padecera de covid-19, já se passaram 65 dias - o dobro do total que ela diz aguardar para poder se vacinar.

Tratamento precoce

Em 21 de março, a secretária publicou em sua conta no Facebook um texto de mais de dez parágrafos relatando como tinha se tratado de covid-19. Primeiro, relatou que havia sentido dor na garganta, mialgia, artralgia, febre, cefaleia intensa, anosmia e prostração. Em seguida, disse que fez o teste PCR e que, "sem hesitar" começou o "tratamento precoce" que já havia prescrito para "tantos amigos e familiares".

"Na cabeceira da cama: ivermectina, hidroxicloroquina, bromexina, azitromicina, zinco, vtamina D e proxalutamida", escreveu a secretária, listando uma série de medicamentos que não tem comprovação científica de serem eficazes contra a covid-19.

Apesar disso, diante da pergunta sobre o que consistiria "exatamente o tratamento precoce", também feita por Renan, Pinheiro relutou.

"O tratamento precoce, falar nele se referindo unicamente à covid, na verdade é difícil", disse a secretária.