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Diogo Schelp

REPORTAGEM

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Vacinação de policiais e professores não interfere na dos idosos, diz Doria

João Doria - Sergio Andrade/Governo do Estado de São Paulo
João Doria Imagem: Sergio Andrade/Governo do Estado de São Paulo

Colunista do UOL

25/03/2021 16h53

O governador João Doria anunciou nesta quinta-feira (25), por meio do Twitter, que "a inclusão de profissionais da educação e segurança pública no calendário de vacinação de SP não vai interferir no cronograma de imunização dos idosos". As datas de vacinação de policiais (5 de abril) e professores (12 de abril) foram anunciadas ontem, quarta-feira (24), em entrevista coletiva do governo do estado de São Paulo. Na ocasião, não havia ficado claro se isso significaria que idosos de 60 a 68 anos passariam a ser vacinados apenas depois desses grupos profissionais ou paralelamente a eles.

Este colunista passou parte da tarde de ontem pedindo esclarecimentos à secretaria de Saúde do estado sobre o que aconteceria com o cronograma de vacinação dos idosos na casa dos 60 anos, já que apenas havia sido confirmado que a faixa etária de 69 a 71 anos começaria a ser imunizada nesta sexta-feira (26).

Em resposta, a secretaria respondeu nesta quinta-feira, por meio de sua assessoria de imprensa, que "o Governo de São Paulo mantém o compromisso de vacinar todos os integrantes dos públicos-alvo e de comunicar com total transparência o cronograma, sendo crucial a disponibilização de mais vacinas pelo Ministério da Saúde para as expansões fundamentais para que mais pessoas sejam imunizadas".

Segundo a nota, as datas de vacinação de faixas etárias abaixo de 69 anos serão divulgadas em coletiva de imprensa que está marcada para amanhã.

Segundo apurou a coluna, a antecipação da vacinação de professores e policiais sem uma explicação clara do que aconteceria com a continuidade da vacinação dos idosos causou mal-estar entre gestores de saúde municipais do estado.

Um deles observou que a decisão indicava possível tentativa de Doria de capitalizar politicamente junto a policiais, que esta semana fizeram protesto contra o governo federal pedindo para serem incluídos logo no cronograma de vacinação, e a professores, que ameaçaram fazer greve contra o retorno às aulas.

O problema, na avaliação desse gestor, é que a medida coloca pressão sobre prefeituras, responsáveis pelo processo de vacinação, e sobre o Ministério da Saúde, que elaborou a lista de grupos prioritários do Programa Nacional de Imunização (PNI) — segundo a qual os idosos acima de 60 anos deveriam ser vacinados antes de professores e policiais.

Se uma prefeitura optasse por manter a ordem definida pelo PNI, poderia se indispor com professores e policiais. Se priorizasse essas categorias profissionais, causaria mal-estar com os idosos entre 60 e 68 anos que imaginavam que seriam os próximos a serem vacinados.

A opção de seguir com o cronograma de vacinação dos idosos paralelamente à imunização de professores e policiais tem efeito mais psicológico do que prático sobre esse dilema, já que o número de doses é limitado e, a rigor, quanto mais pessoas podem ser vacinadas ao longo de um mesmo período, mais tempo leva para que todas sejam contempladas.