Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.
Gilmar sentiu
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As chamadas de Gilmar Mendes, o guardião do sistema, estão ficando famosas.
Antes eram torpedos para donos de emissoras onde atuavam seus críticos. Ou conversas com investigados como Aécio Neves e Silval Barbosa, que acabaram gravadas.
Agora são "telefonemas exploratórios" para integrantes de um grande partido.
O desespero do ministro do STF e de seus porta-vozes, que também atuam como emissários, aumentou muito com Sergio Moro.
A mera possibilidade de que a União Brasil, legenda resultante da fusão de DEM e PSL, embarque na pré-candidatura do ex-juiz da Lava Jato e turbine sua campanha com fundos e capilaridade disparou o alerta.
Se o eleitorado ouvir o que Moro tem a dizer, ele pode ultrapassar Jair Bolsonaro e tornar o segundo turno contra Lula imprevisível.
O sistema precisa de Bolsonaro cambaleante no ringue para garantir a Lula o nocaute no último assalto.
Moro incomoda porque é o desafiante que coloca em risco, literalmente, assaltos viciados.
"A gente sabe que esse governo desmantelou o combate à corrupção, a gente sabe que esse governo quer entregar o poder ao Lula de novo. Ele [Bolsonaro] é o principal responsável pelo Lula ter voltado porque esse governo é um fracasso", disse o ex-juiz, que vem fazendo uma maratona de entrevistas a rádios locais, enquanto é demonizado por detratores - bolsonaristas ou gilmaristas/neolulistas - nas nacionais.
"O STF derrubou decisões e nunca disse que alguém é inocente. O STF comete um baita erro judiciário ao anular condenações por corrupção por questões meramente formais. Ele não está dizendo que Lula é inocente, que Eduardo Cunha é inocente, que Sérgio Cabral é inocente. A gente sabe a verdade. A verdade é que sempre foi difícil no país que gente rica e poderosa respondesse por seus crimes. Porque a Justiça, infelizmente, nem sempre trata as pessoas de maneira igual. E, se você tem poder, muitas vezes as pessoas ficam acima da lei. A Lava Jato veio e mudou isso."
Depois que a força-tarefa atingiu velhos tucanos, inclusive o potencial vice de Lula, Geraldo Alckmin, Gilmar atuou para reverter essas mudanças. Hoje, atua para manter a reversão.
Em qualquer país sério, seria um escândalo um ministro da Suprema Corte, responsável por julgar as pessoas, dar "telefonemas exploratórios" a integrantes do partido que negocia aliança com o pré-candidato no qual ele prometeu "bater" no "momento oportuno".
Mas há, no terceiro mundo, ministros ricos e poderosos que exercem forte influência sobre políticos e empresários com telhado de vidro.
Trim, trim.
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