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Felipe Moura Brasil

OPINIÃO

Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.

É melhor rachar a "direita" que salário de assessor

Colunista do UOL

21/01/2022 18h29

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"A direita precisa se unir" virou um apelo à amoralidade. Sim, com "a". Ausência de princípios morais.

A liderança de Lula nas pesquisas também é ruim para o Brasil por isso: faz autoproclamados direitistas acreditarem que vale a pena tolerar a roubalheira de seus lideres em gabinetes para derrotar a esquerda. Que vale a pena tolerar a sabotagem do combate à roubalheira para derrotar quadrilheiros que o sabotaram junto. Que vale a pena tolerar o estímulo indireto ao suicídio com propaganda antivacina para derrotar quem financiou com nosso dinheiro ditaduras que oprimem seus povos.

O apelo à união da direita vem justamente da ala política e midiática que tratou cada escândalo de Jair Bolsonaro, sua família e seu governo como lulistas tratam os escândalos de Lula: negando, amenizando, relativizando, desinformando e, sobretudo, terceirizando a culpa.

Em 2018, nenhum candidato de apelo nacional era tão incisivo contra o PT quanto Bolsonaro, o que catapultou sua candidatura à liderança da corrida presidencial ainda antes da facada. A nova aliança de Geraldo Alckmin com Lula só confirma no eleitorado que o velho tucano nunca foi muito diferente do petismo, como tampouco seria Dom Bolsonaro del Centrão no governo.

Os antipetistas estariam unidos em 2022 se parlamentares e profissionais da comunicação que buscavam cativar esse público tivessem recusado o poder, o microfone, o lucro e a fama oferecidos a partir de 2019 a qualquer oportunista disposto, ou disposta, a passar pano para a sujeira dos Bolsonaro, turbinada pelas investigações de peculato, reveladas somente após a eleição.

Essa gente indecente, que há anos carrega o cadáver político insepulto do presidente e desconecta da realidade massas de manobra ligadas em rádios e TVs governistas, agora sente a potencial perda de apoio de gente decente e apela a uma bandeira ideológica supostamente comum que suplante os princípios morais alheios.

Como oportunistas, jamais concebem, nem admitem, que o abandono desses princípios é a primeira e maior de todas as derrotas.