Fernanda Magnotta

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Opinião

Harris e a virada democrata que revigorou a campanha eleitoral nos EUA


Desde que Kamala Harris substituiu Joe Biden na corrida presidencial, a disputa norte-americana tomou um novo rumo. Após quatro anos em segundo plano, Harris revitalizou a campanha democrata e desestabilizou a confiança de Donald Trump, dissipando a sensação de vitória antecipada dos republicanos.

Harris não apenas alcançou recordes de arrecadação de fundos e mobilizou um crescente exército de voluntários, mas também conseguiu algo raro: unificar um Partido Democrata fragmentado em torno de um propósito comum. Esse alinhamento interno trouxe coesão à campanha, algo que Biden não havia alcançado com a mesma eficácia. Além disso, a candidatura de Harris deu uma sensação de renovação dentro do partido, destacando figuras jovens que ganharam projeção nacional e agora fazem campanha ativa por ela.

As casas de apostas, que antes favoreciam Trump, reduziram significativamente suas margens para uma vitória republicana. Na última semana, o Real Clear Politics mostrou, pela primeira vez, Harris liderando nas pesquisas nacionais: 48% contra 46,8% para Trump, um avanço de 1,2 ponto percentual. Em estados-pêndulo como Wisconsin, Michigan e Arizona, Harris reverteu o quadro, e na Pensilvânia, pela primeira vez desde o início do ano, as pesquisas mostram um empate.

A estratégia de Harris agora se concentra em jovens e na classe média. Para atrair o eleitorado jovem, ela aposta em campanhas inovadoras nas redes sociais, no apoio de figuras influentes da cultura pop e na defesa de pautas sociais progressistas. Já para a classe média, Harris lançou um plano econômico mais ousado que o "Bidenomics", focado na redução dos custos de vida mais elementares do cidadão médio. Isso inclui a construção de 3 milhões de novas moradias, a ampliação do limite de preço da insulina para todos os pacientes e um crédito fiscal infantil de até US$ 6.000 por família. Ela também propôs um fundo de inovação de US$ 40 bilhões para incentivar a construção de habitações acessíveis e medidas contra empresas que lucram com a inflação.

Com isso, a Convenção Nacional do partido, que começa amanhã, foi transformada em um evento de repacto em torno da moderação política. Harris trouxe para o centro da discussão um equilíbrio entre a continuidade das políticas de Biden e uma renovação necessária para enfrentar o futuro. Enquanto isso, a campanha de Trump luta para criar uma narrativa eficaz que desestabilize a candidatura de Harris. Até o momento, as mudanças estratégicas não conseguiram gerar o "momentum" esperado pelos republicanos. Harris, ao que tudo indica, se estabeleceu como uma candidata sólida e preparada para consolidar o Partido Democrata em uma campanha unificada e competitiva.

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** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do UOL.

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