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Jamil Chade

Em evento da ONU, Zambelli diz que ONGs colocam fogo na Amazônia

22.abr.2019 - A deputada Carla Zambelli (PSL-SP) em sessão solene na Câmara dos Deputados - Michel Jesus/ Câmara dos Deputados
22.abr.2019 - A deputada Carla Zambelli (PSL-SP) em sessão solene na Câmara dos Deputados Imagem: Michel Jesus/ Câmara dos Deputados

Colunista do UOL

29/11/2019 12h09

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Em um evento promovido pela ONU, em Berlim nesta sexta-feira, a deputada Carla Zambelli (SP) declarou que foram as ONGs as responsáveis pelas queimadas na Amazônia. Ela participa do Fórum de Governança da Internet e, num certo momento do debate, deu o exemplo da disseminação de desinformação contra o Brasil.

Os ataques da aliada do governo de Jair Bolsonaro contra os ambientalistas ocorrem às vésperas da cúpula da ONU em Madri, na semana que vem. O Brasil deve estar no centro dos questionamentos internacionais e o governo já antecipa que irá ser alvo de duras críticas.

"Na Internet, tivemos uma confusão muito grande há umas semanas", disse a parlamentar. "O mundo pensava que a Amazônia estava queimando e os incêndios estão sendo descobertos como criminosos", afirmou. "Ongs, que supostamente deveriam estar protegendo, estavam colocando fogo na Amazônia para criminalizar um governo que é novo, de direita", disse, sem citar qualquer tipo de prova.

Ela ainda garantiu que, nos últimos 20 anos, "nunca a Amazônia queimou tão pouco". Neste momento, foi interrompida por um grito da plateia: "Fake news".

"Sim, tivemos muita fake news", respondeu a deputada. "Inclusive de um chefe-de-estado que colocou uma foto de uma girafa queimando na Amazônia, onde não há", disse.

"Essa liberdade de expressão e de pensamento temos de garantir a todos, de esquerda ou de direita e esse é o ponto principal que estamos vivendo no Brasil", afirmou. "A Internet, tem um problema sério é que se escuta só um lado", afirmou.

Antes, ela já havia apontado para a necessidade de se defender a liberdade de expressão. "O tema mais importante no Brasil é o da liberdade de pensamento. Sou de direita. Mas nosso presidente (Jair Bolsonaro) está preocupado para que a esquerda também tenha a liberdade de pensamento", garantiu.

Zambelli, sem citar o nome de Luiz Inácio Lula da Silva, disse para a audiência em Berlim que um "ex-presidente que saiu da prisão fala em regular e censurar as redes. "Isso me preocupa muito", disse.

Ela ainda criticou o fechamento de contas por parte das plataformas de redes sociais. "Temos que falar da repressão", indicou. Segundo ela, 400 contas foram fechadas pelo Facebook, sem explicar quando ou por qual motivo. "400 pessoas que tinham liberdade de expressão e que, da noite para o dia, perderam suas contas", protestou. Segundo ela, a Justiça não pode ficar nas mãos dessas empresas privadas.

Zambelli também indicou que a lei aprovada na Alemanha de combate à desinformação "não funcionaria no Brasil". Em Berlim, as normas colocam sobre as plataformas a responsabilidade de fechar contas que sejam usadas para disseminar fakenews ou discurso de ódio.

Para a deputada brasileira, o risco é de que os critérios usados para o fechamento de contas sejam de uma plataforma "que tem um pensamento único". "A lei aqui que serve para garantir que não haja fakenews (na Alemanha) não funcionaria no Brasil. La, tem que ter liberdade de pensamento e é a Justiça que precisa cuidar. Não uma empresa", afirmou.

Corrupção

Ao receber da plateia uma pergunta sobre a decisão do governo federal de fechar diversos conselhos que serviam de canais para a participação da sociedade civil em debates sobre a formulação de políticos, ela respondeu com a sugestão de que haveria sinais de corrupção.

Ela confirmou que "muitos conselhos" foram fechados, "assim como muitas pesquisas". E explicou: "Estamos tendo um problema no Brasil que a corrupção, há muitos anos, roubou muito do povo", disse.

A deputada insistiu em descrever o país como sendo uma nação com recursos. Mas que as pessoas "não tinham nem o mínimo do mínimo". "Tivemos o maior caso de de roubo e corrupção do mundo, na Petrobras. Bilhões de reais foram desviados. Muitos desses casos, por conselhos, dito, da sociedade civil, e que não faziam nada que praticar que praticar ativismo", denunciou.

Ela também foi questionada sobre os ataques feitos pelo governo contra a imprensa. Mas disse que sua popularidade na Internet tem relação "com o fato de que meios de comunicação não sustentam suas informações".

"As informações que vemos hoje na imprensa, que tem sua liberdade garantida, não estão em confiança com o povo. O povo lê e não se sustenta. Então buscam parlamentares como eu para ter a informação mais garantida", disse. Durante o evento, ela declarou que era a deputada mais influente nas redes sociais e que chegava a 80 milhões de pessoas por mês.

"O que vemos na imprensa é uma coisa. O que vemos na realidade é outra", disse. Mas evitou dar uma resposta sobre os ataques do governo contra a imprensa, dizendo que esse não era o assunto da conferência e que estava disposta a falar "depois" sobre o assunto.

Ao se apresentar, ela ainda explicou que, pela primeira vez, o Brasil teve um presidente eleito pela Internet. "Ele estava hospitalizado. E tudo foi eleito pela Internet", disse.