ONU e a OMS lançam plano de US$ 2 bi para evitar crise humanitária global
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Resumo da notícia
- Fechamento da fronteira entre Brasil e Venezuela aprofundou crise social no país vizinho
O fechamento da fronteira do Brasil e Colômbia com a Venezuela está deixando milhares de pessoas sem acesso a remédios e alimentos, além de aprofundar a crise social no país vizinho. O alerta é da ONU, Unicef e da OMS que, numa iniciativa inédita, solicitam do mundo um pacote de US$ 2 bilhões para sair ao socorro de milhões de pessoas em locais mais vulneráveis do planeta.
O temor das entidades é que uma nova legião de pobres seja criada diante da pandemia. O apelo humanitário é o primeiro lançado pela entidade diante do coronavírus, numa prática que tradicionalmente é dirigida apenas em casos de guerra ou desastres naturais.
O plano destinará recursos para países da América do Sul, África, Oriente Médio e Ásia. A lógica é de que apenas quando o vírus for derrotado em todas as regiões do mundo é que a comunidade internacional estará segura. Caso contrário, de nada adianta a imposição de quarentenas nos países ricos se, semanas depois, o vírus continuará a circular pelo mundo.
Um dos principais focos do resgate é a Venezuela e sua crise que transbordou para a América do Sul.
"O fechamento das fronteiras com o Brasil e a Colômbia já está tendo repercussões sanitárias, econômicas e sociais: pessoas que dependem do comércio transfronteiriço para sua subsistência tiveram que parar suas atividades; pessoas que precisam de medicamentos e tratamento da Colômbia, como aquelas com HIV/AIDS, estão enfrentando dificuldades de acesso a eles", alerta a ONU em seu plano humanitário.
Outro risco é de que, com as fronteiras fechadas, o controle da doença seja prejudicado. "O uso de passagens irregulares de fronteira aumentou, afetando a monitorização da COVID-19", alerta.
"As medidas regionais tomadas para controlar o COVID-19 poderiam ter impacto no fluxo de remessas - uma importante fonte de renda para muitos venezuelanos", indicam ainda.
Pobres
Para a ONU, Unicef e OMS, se a crise é profunda nos países ricos, o cenário é ainda mais dramático quando aterrizar em locais de guerra, de miséria ou com sérios problemas humanitários. Não ajudar os países vulneráveis a combater o coronavírus, portanto, pode colocar milhões em risco e deixar o vírus livre para circular de volta ao redor do globo.
Com os US$ 2 bilhões, a ONU espera entregar equipamento laboratorial essencial para testar o vírus, e suprimentos médicos para tratar as pessoas. Além disso, vai instalar estações de lavagem das mãos em acampamentos e assentamentos e estabelecer pontes aéreas e centros em toda a África, Ásia e América Latina para transportar trabalhadores humanitários e suprimentos para onde eles são mais necessários.
Para o secretário-geral das Nações Unidas, António Guterres, "o COVID-19 está ameaçando toda a humanidade - e por isso toda a humanidade tem de dar uma resposta". "As respostas individuais dos países não vão ser suficientes", disse.
"Temos de ajudar os ultra-vulneráveis - milhões e milhões de pessoas que são menos capazes de se protegerem. Esta é uma questão de solidariedade humana básica. É também crucial para combater o vírus. Este é o momento de dar um passo em frente para os vulneráveis", afirmou.
O subsecretário-geral para os Assuntos Humanitários Mark Lowcock alerta que o COVID-19 já fez a vida em alguns dos países mais ricos do mundo ser transformada. "Agora está chegando a lugares onde as pessoas vivem em zonas de guerra, não têm acesso fácil a água limpa e sabão, e não têm esperança de ter uma cama de hospital se ficarem gravemente doentes", alertou.
"Deixar os países mais pobres e vulneráveis do mundo à sua sorte seria cruel e insensato", insistiu.
"Se deixarmos o coronavírus se espalhar livremente por esses lugares, estaremos colocando milhões de pessoas em alto risco, regiões inteiras serão levadas ao caos e o vírus terá a oportunidade de circular de volta ao redor do mundo", disse.
Tedros Adhanom Ghebreyesus, diretor-geral da OMS, estima que o apoio aos países mais pobres deve existir "também para nos proteger a todos e ajudar a reprimir esta pandemia". Para dar início ao plano de resposta, Lowcock libertou mais 60 milhões de dólares do Fundo Central de Resposta a Emergências da ONU (CERF).
Venezuela
No caso específico da América do Sul, o temor vem da Venezuela. Ainda que apenas 70 casos tenham sido identificados, o governo declarou estado de emergência em 13 de março e posteriormente implementou uma quarentena social nacional, limitando os movimentos e as interações sociais das pessoas.
"O sistema global de saúde pública tem uma capacidade limitada. Isto deve-se a uma combinação de fatores, incluindo a escassez de medicamentos e suprimentos, a falta de água regular e de eletricidade e a migração de profissionais de saúde", aponta o plano da ONU.
"A falta de acesso regular e suficiente aos serviços sanitários em muitas comunidades será um desafio para a prevenção e controle", apontou.
"A pandemia da COVID-19 provavelmente terá um impacto negativo adicional na economia, que já passou por cinco anos consecutivos de contração. A quarentena social nacional, incluindo o fechamento de postos de combustível em algumas áreas, já aumentou o preço dos vínculos básicos de mercadorias", indicou.
Para completar, muitos dos 81 parceiros humanitários da ONU na Venezuela suspenderam suas atividades devido a medidas de quarentena. "As restrições de combustível levaram à escassez em certas áreas, resultando em preços mais altos de combustível e restrições à coleta em massa", constatou.
O temor da ONU é de que a falta de financiamento para a resposta humanitária é um desafio fundamental.
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