OMS alerta para tendência de alta na Am. Latina e pede maior monitoramento
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A OMS alerta que está "gravemente preocupada" com os sinais de aceleração da proliferação da Covid-19 em países mais pobres e com serviços de saúde mais vulneráveis. As declarações foram feitas três meses depois que a agência declarou a emergência global. A entidade também destacou que medidas de distanciamento social funcionaram em reduzir as taxas de transmissão do vírus, um elemento negado pelo presidente Jair Bolsonaro.
Para Tedros Ghebreyesus, diretor-geral da OMS, o vírus já demonstrou como mesmo países ricos tiveram dificuldades para lidar com a pandemia. Agora, o temor é sobre o impacto nos países em desenvolvimento. Tedros afirma estar "gravemente preocupado" com aceleração de casos em países com sistemas de saúde mais frágeis.
Em sua visão, a decisão de ter declarado a emergência em 30 de janeiro foi "acertada". "Só existiam 82 casos fora da China e nenhuma morte", afirmou. "O mundo teve tempo suficiente para se preparar", alfinetou.
Michael Ryan, diretor de operações da OMS, confirmou que "muitos países" da América Central e do Sul estão registrando uma "tendência de alta". "Mais terá de ser feito em termos de monitoramento", defendeu.
Maria van Kerkhove, diretora técnica da OMS, também lançou o alerta sobre a região. "Vemos um aumento (de casos) nas Américas", disse. "É uma tendência preocupante. Temos um longo caminho pela frente", afirmou. Segundo ela, proporções grandes das populações ainda são suscetíveis. "Precisamos nos manter com humildade", afirmou.
Nesta sexta-feira, o Comitê de Emergência Sanitária voltou a se reunir e elaborou mais de 20 recomendações para a OMS e governos. Para os especialistas, que atuam de forma independente, a "pandemia não acabou". Como resultado e sem surpresas, a reunião determinou que o coronavírus ainda é uma emergência global.
O Comitê pediu ainda que governos aceitem o papel da OMS como líder na resposta global contra a Covid-19. Nas últimas semanas, a agência tem sido alvo de duros ataques por parte do governo dos EUA e ironizada até mesmo pelo presidente Jair Bolsonaro.
"Governos precisam apoiar a OMS. Só temos uma OMS e estamos no meio de uma pandemia", disse.
Didier Houssin, presidente do Comitê de Emergência da OMS, admitiu que os "desafios são enormes". "Esse evento terrível continua sendo uma emergência sanitária", declarou.
Entre as recomendações para a OMS, os especialistas pedem que haja um aumento de esforços para apoiar países mais frágeis e para que fornecimento de alimentos seja garantido.
Outra recomendação é para que seja desenvolvida uma estratégia para que o transporte aéreo volta à normalidade. Para Houssin, tal medida vai envolver "confiança" entre governos. Mas alerta que as atuais medidas precisam considerar um equilíbrio entre os benefícios dos controles e as consequências da atual suspensão das ligações aéreas.
Entre as recomendações para os governos, os especialistas ainda insistem sobre a necessidade de investir na interrupção da transmissão do vírus. "Só testar não funciona. Só uma quarentena não funciona. Precisa haver um pacote", disse Maria. Ela, porém, alerta que não se trata de testar toda uma população. Mas sim aqueles com sintomas.
Um ponto principal ainda se refere aos investimentos no desenvolvimento de tratamento e vacina. "Sabemos muito pouco ainda (sobre o vírus), não temos tratamento ou vacina. Isso precisa mudar", declarou.
Distanciamento funciona
Ao contrário do que Bolsonaro afirmou nesta semana, a OMS voltou a afirmar que o distanciamento social funcionou em reduzir as taxas de transmissão. Se a situação latino-americana preocupa, a OMS deixa claro que há uma "estabilização" de casos em muitos países europeus e até queda em outros.
"O que reconhecemos é que medidas (de restrição) foram efetivas em suprimir intensidade da transmissão", disse Ryan. Segundo ele, porém, países que começam a sair da quarentena precisam ter um "processo bem planejado", o que inclui saber onde o vírus está na população, ver uma taxa de queda no ritmo da transmissão, aumentar testes e garantir informação para as comunidades.
"Precisamos manter nossos olhos abertos", disse. Segundo ele, governos precisam estar preparados para voltar a colocar medidas de restrição se identificaram um novo salto em número de casos, num período de relaxamento das restrições.
Ele admite que manter a quarentena em países mais pobres representará um enorme impacto para a renda da população. Mas alerta para o risco de uma abertura rápida que, no fundo, leve a um aumento do número de casos.
Investigar Origem
Contrariando ainda o presidente dos EUA, Donald Trump, a OMS indicou hoje que suas consultas com cientistas apontaram na direção de que o vírus tem "origem natural". O chefe da Casa Branca insiste na ideia de um acidente em um laboratório.
Para a OMS, não são essas as evidências. Uma das recomendações é para que a agência intensifique a busca pela origem do vírus, inclusive para entender como houve o salto entre um animal e um humano e tomar medidas de prevenção.
Tedros Ghebreyesus, diretor-geral da OMS, indicou que sua agência vai assumir o papel de buscar a origem animal da doença.
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