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ONU prevê queda no comércio mundial de 27%; Brasil será atingido

Sacas de café para exportação no Porto de Santos (SP) - Paulo Whitaker
Sacas de café para exportação no Porto de Santos (SP) Imagem: Paulo Whitaker

Colunista do UOL

11/06/2020 09h00

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Depois de registrar uma contração de 5% nos primeiros três meses do ano, o comércio mundial deverá ver uma queda de 27% entre abril e junho de 2020. Os dados estão sendo divulgados nesta quinta-feira pela Conferência da ONU para o Comércio e Desenvolvimento.

No caso do Brasil, o cenário revela uma deterioração das importações e exportações nacionais. No primeiro trimestre, o país conseguiu manter uma taxa de crescimento de 4% nas vendas ao mercado internacional, ainda que tenha sofrido uma queda de 4% nas importações.

Mas, já em abril, as taxas indicaram um efeito maior da crise. As importações sofreram uma queda de 15%, enquanto as exportações nacionais tiveram uma contração de 6%.

De acordo com a ONU, o comércio internacional deverá permanecer abaixo dos níveis observados em 2019, inclusive no segundo semestre do ano.

A queda dependerá não só das interrupções econômicas adicionais trazidas pela pandemia da COVID-19, mas também do tipo e extensão das políticas que os países adotarão para reiniciar suas economias.

"Assumindo a persistência da incerteza, a previsão da UNCTAD indica um declínio de cerca de 20% para o ano 2020", afirma.

O dado vai na mesma direção das previsões da OMC, que indica que o declínio no comércio internacional seja entre 13 e 32 por cento. A Comissão Europeia acredita que o comércio do bloco diminua entre 10 a 16 por cento em 2020.

"As estatísticas de algumas das principais economias reforçam ainda mais o quadro sombrio do comércio internacional", alertou a ONU.

"Em primeiro lugar, os números comerciais mais recentes indicam uma maior deterioração em abril e maio. Em segundo lugar, exceto nos dois primeiros meses de 2020, a China parece ter se saído melhor do que outras grandes economias", confirma a entidade.

"Na verdade, as exportações da China cresceram 3% em abril. Ainda assim, os dados mais recentes para a China indicam que tal recuperação pode ser de curta duração, pois as importações e exportações caíram cerca de 8% em maio", alerta.

Por outro lado, as estatísticas dos Estados Unidos indicam um declínio muito mais forte do comércio intra-regional. Em abril, as vendas americanas sofreram uma queda de 29%, enquanto a importação encolheu em 21%. Na UE, a queda foi de 12% no campo das importações e 16%nas exportações em abil.

A ONU também constata que o comércio nos países em desenvolvimento caiu mais rapidamente em abril em comparação aos países desenvolvidos. "Para os países em desenvolvimento, embora as quedas nas exportações sejam provavelmente impulsionadas pela redução da demanda nos mercados de destino, as quedas nas importações podem indicar não apenas a redução da demanda, mas também movimentos cambiais, preocupações com a dívida e a escassez de moeda estrangeira", indicou.

O levantamento também revela que nem todos os setores foram atingidos da mesma forma. No primeiro trimestre de 2020, os setores têxtil e de vestuário caíram quase 12%, enquanto os setores de máquinas de escritório e automotivo caíram em cerca de 8%.

Mas as vendas agrícolas aumentaram em 2%. Dados preliminares para abril indicam novas quedas na maioria dos setores e uma contração muito acentuada no comércio de energia e de produtos automotivos, cerca de 40% e -50% em valores, respectivamente.